Em 2005, as perspectivas não pareciam boas para a Fanfarra do Educandário Oliveira Brito (Faneob), de Euclides da Cunha, no nordeste da Bahia. O regente, Marcos Brito, estava desmotivado.
A banda não acertava a música, e o ônibus que os levava para a final, na cidade de Cairu, a 330 km de distância, se perdeu no caminho.
Quando a fanfarra entrou no palco, porém, tudo mudou. O terceiro título estadual de Marcos com o grupo virou um dos maiores para ele Durante os 20 anos em que esteve à frente da fanfarra, ele fez dela sua vida.
O interesse por música começou na infância, quando assistia aos grupos de música da igreja católica que a família frequentava em Euclides. Sozinho, aprendeu a tocar violão e flauta, até que encontrou a fanfarra.
Durante o dia, Marcos trabalhava como funcionário do Educandário. O resto do tempo, ele dedicava à música. Corria atrás de apoio financeiro, sonhava que a banda conseguisse instrumentos próprios e tentava criar um projeto chamado “Aquarela do Sertão”, para ensinar informática e música para crianças.
Ele ainda cantava e se apresentava com um grupo de forró pé-de-serra por toda a região.
“Tudo que eu aprendi sobre música, foi através dele”, conta Wesley Brito de Jesus. “Tenho orgulho de ser sobrinho dele e saber tudo que ele me ensinou."
Wesley entrou na fanfarra levado pelo tio. No domingo, 25 de novembro, os dois e o resto da Faneob, se dirigiam à semifinal do campeonato de fanfarras, em Antônio Cardoso. Cada um estava em um ônibus. O de Marcos se chocou com uma carreta.
Aos 37 anos, ele foi uma das oito pessoas que morreram no acidente. Seis eram integrantes da fanfarra. O regente deixou dois filhos, Mércia e Marlon, a esposa Tamires, mãe e irmãos. Além de uma turma que aprendeu com ele a fazer da música um caminho de vida.
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