'Quando fui contra, perdi 20 cargos', diz vereador cobrado sobre previdência de SP

Masataka Ota (PSB) cita retaliação da prefeitura ao justificar ausência em votação de projeto

Fabrício Lobel Guilherme Seto
São Paulo

O vereador Massataka Ota (PSB) disse que perdeu 20 cargos na Prefeitura de São Paulo quando se posicionou contrário ao projeto de lei de reforma da previdência dos servidores municipais, bandeira das gestões João Doria e Bruno Covas, do PSDB. 

Ota deu a declaração, gravada em vídeo, ao ser questionado sobre a sessão da Câmara da última sexta (21), quando a reforma foi aprovada em primeira votação —a segunda está prevista para ocorrer nesta quarta (26). O vereador, na ocasião, foi um dos ausentes da votação. 

Cobrado por correligionários ligados aos servidores, Ota respondeu: "Vocês têm que ver meu lado também. Quando eu fui contra, eu perdi 20 cargos que eu tinha na prefeitura, entendeu?"

Em março deste ano, ele havia se posicionado contra a proposta da prefeitura. Na época, após sessão conturbada, a votação foi suspensa, representando uma das principais derrotas de Doria antes de sair do cargo para a disputa ao governo paulista.  

Por meio de sua assessoria de imprensa, Ota afirmou que cometeu um erro no vídeo, porque queria se referir ao projeto. Ele disse não poder perder cargos que não tinha e que não votou na semana passada porque ainda aguarda um substitutivo da prefeitura ao projeto da previdência. 

Os vereadores Toninho Vespoli e Sâmia Bonfim, ambos do PSOL, repercutiram o vídeo na Câmara nesta quarta dizendo que é em troca de cargos que a prefeitura busca aprovar a reforma previdência dos servidores.

Questionada, a gestão Covas ainda não se manifestou. 

Proposta

Prioridade da gestão Bruno Covas (PSDB), a proposta da reforma da previdência paulistana prevê aumentar a alíquota de 11% para 14% para os servidores e estabelece um sistema de previdência complementar para quem ganha acima do teto de aposentadoria (R$ 5.645,80) do INSS.

Na madrugada do sábado (22), a Câmara Municipal aprovou, em uma sessão marcada por empurra-empurra e troca de acusações entre vereadores, a reforma em primeira votação.

Para que seja implementado, o projeto ainda precisa passar por segunda votação na Câmara, o que deve acontecer nesta quarta-feira (26), e ser sancionado pelo prefeito.

Entre os 55 vereadores, 33 votaram favoravelmente e 16 se manifestaram contra. O projeto precisava de 28 votos para ser aprovado. Os vereadores Camilo Cristófaro (PSB), Celso Jatene (PR), Conte Lopes (PP), David Soares (DEM), Patrícia Bezerra (PSDB) e Ota (PSB) não compareceram à votação.​

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