Pelo segundo ano, uma ONG de São Paulo está tentando promover um período natalino mais acolhedor para refugiados de várias nações que vem ao Brasil em busca de paz, segurança e oportunidades de vida, mas que deixam para trás a família, o lar e as raízes culturais.
A ideia do Migraflix —que tece uma rede de proteção e age em várias vertentes para dar oportunidade aos refugiados— é que famílias brasileiras recebam uma família de migrantes em casa para a ceia ou para o almoço de Natal.
Aos convidados é sugerido que levem um prato típico de seu país para fomentar a troca de experiências.
Neste ano, a família de Pedro Henrique Alves Torres, 31, dono de uma empresa que faz marmitas, vai receber a família da venezuelana Yilmary de Perdomo, 36, para o Natal.
A motivação inicial dele para se inscrever no programa foi a curiosidade de conhecer pessoas de outros lugares e aprender sobre costumes, língua e cultura como o desejo de tentar auxiliar um refugiado vulnerável.
“Todos os dias se vê o sofrimento de pessoas refugiadas seja entrando pelo Norte do Brasil e chegando em Roraima seja se arriscando em barcos no Mar Mediterrâneo fugindo de guerra. Para uma pessoa fazer isso, largar tudo o que tem para ir para onde não conhece ninguém tem de estar muito desesperada. Eu me coloco no lugar dessas pessoas e é o mínimo que minha família pode fazer”, diz Pedro.
Ele acredita na seriedade do trabalho da ONG no selecionamento das pessoas e descarta riscos ou inconvenientes.
De acordo com a organização, todos os refugiados que participam do projeto são entrevistados e suas histórias são ouvidas e registradas. Para a ONG, são todas pessoas idôneas.
“Receber alguém em casa, numa data especial, não vai onerar a vida de ninguém e faz você crescer como pessoa, além de aprender um bocado de coisas novas.”
Yilmary irá para o Natal na casa de Pedro ao lado dos três filhos –Sophia, 7, Jhan Alberto, 4, e Angel Alejandro, 14– E do marido Jhan Alberto Perdomo Flores. Serão ao todo nove pessoas na ceia, contando com a mãe, a irmã e o padrasto do brasileiro.
Ela saiu da Venezuela devido à situação política do país e com medo da insegurança. Ela é terapeuta ocupacional e o marido professor, mas estão trabalhando no Brasil com a produção de eventos de gastronomia e dão oficinas sobre comidas típicas venezuelanas.
“Estar com a família do Pedro, para a minha família, é muito emocionante e importante, porque o costume na Venezuela é reunir muita gente para compartilhar. Lá se reúnem entre 30 a 40 pessoas. Será um tempo muito agradável”, declara Yilmary.
A expectativa do Migraflix é conseguir realizar ao menos 20 encontros natalinos. Outras datas comemorativas como Páscoa ou Ano-Novo também podem servir como motivação para a aproximação de refugiados e brasileiros.
Segundo Jonathan Berezovsky, diretor do Migraflix, a lição mais importante do projeto “é ver as pessoas descobrindo que há mais coisas em comum entre elas e os refugiados/migrantes do que elas imaginam”.
Ainda de acordo com o diretor, “quanto mais nos abrimos para o diferente, mais colaboramos para reduzir tensões”.
O publicitário Ricardo Silvestre, 22, viveu a experiência de intercâmbio no Natal de 2016. Ele recebeu uma família síria entre os seus familiares.
Ele avalia que a empatia é a principal característica que um voluntário para a iniciativa precisa ter no projeto.
Para participar da iniciativa é preciso se cadastrar em www.migraflix.com.br/meuamigorefugiado.
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