Vereador ligado ao MBL relata ataque após aprovação da previdência de SP

Holiday (DEM) diz ter sido alvo de projétil; caso foi registrado como disparo por arma de fogo

São Paulo

O vereador Fernando Holiday (DEM) disse ter sido alvo de um ataque nesta quarta-feira (26) após a aprovação da reforma da previdência dos servidores municipais.

A votação foi marcada por tumulto entre servidores e guardas civis. Os agentes usaram bombas de efeito moral contra manifestantes, que jogaram lixo, pedras e garrafas de vidro contra os guardas e o prédio do Legislativo municipal.

Segundo Holiday, que é favorável à reforma, o ataque ocorreu após a votação, quando ele parou na janela do quinto andar, onde fica seu gabinete, para acenar aos manifestantes que estavam na rua.

"Ouvimos um estilhaço e achamos que era apenas uma pedra, até que um guarda olhou e viu que o buraco não era compatível com uma pedra. Parece que foi um projétil", afirmou Eric Balbinos, assessor parlamentar de Holiday.

Em rede social, o vereador postou um vídeo em que faz um coração da janela. Na publicação, ele afirma: "a vereadora Sâmia Bomfim [PSOL] disse que eu estava fazendo gestos obscenos na janela para manifestantes na Câmara (um pouco antes de sofrer um ataque de um projétil). Veja um pouco dos meus 'gestos obscenos'".

O MBL (Movimento Brasil Livre), do qual o vereador faz parte, afirmou que ele foi alvo de uma "tentativa de assassinato".

A Secretaria da Segurança Pública afirmou que o caso foi registrado como "disparo de arma de fogo" e "perigo a vida ou saúde de outrem" e que a polícia ainda investiga a origem e motivação do tiro.

O boletim de ocorrência diz que isso não exclui outras possibilidades.

A Câmara informou no fim da tarde que, até o momento, nenhum objeto havia sido encontrado no local, nem projétil nem pedra, apenas uma bolinha de gude em uma marquise dois andares abaixo. A Casa afirma, porém, que ainda não é possível saber se a bolinha tem relação com a perfuração no vidro.

Uma perícia já foi realizada no local. No início da noite, representantes da Câmara voltaram à delegacia para comunicar que outra perfuração semelhante foi encontrada, no vidro do quarto andar, um abaixo de onde estava Holiday. 

Ao sair da delegacia, onde registrou um boletim de ocorrência, Holiday condenou o ataque seja qual for o objeto. “Independente do que tenha atingido, seja arma de fogo ou não, e se for arma de fogo é uma situação muito mais grave, não deixa de ser uma situação muito lamentável”, afirmou.

Fernando Holiday acena da janela; objeto teria sido lançado quando ele se virou
Fernando Holiday acena da janela; objeto teria sido lançado quando ele se virou - Kevin David/A7 Press/Folhapress

Proposta prevê aumento de alíquota

O texto da reforma da previdência, que já havia sido aprovado em primeira votação na última sexta (21), teve 33 votos a favor e 17 contra nesta quarta (26). Ele precisava de 28 votos para ser aprovado e vai agora para a sanção de Covas.

Em reação, servidores anunciaram uma greve para o próximo dia 4 de fevereiro.

A proposta aprovada eleva a alíquota de 11% para 14% para os servidores e estabelece um sistema complementar para quem ganha acima do teto de aposentadoria (R$ 5.645,80) do INSS.

A previdência dos servidores na capital paulista tem um déficit estimado atualmente em R$ 6 bilhões --e que cresce cerca de R$ 700 milhões a cada ano.

Ao assumir a prefeitura, em abril, Covas disse que, sem a reforma, impostos teriam que ser aumentados.

O projeto aprovado pela Câmara deve gerar um aumento de recursos de R$ 370 milhões anualmente devido ao aumento da alíquota dos servidores. No entanto, não deve levar à eliminação do déficit no curto prazo. 

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