Descrição de chapéu Agora

Vídeo mostra desespero de família no dia da morte de menino Luan no metrô de SP

Segundo delegado, imagens sob sigilo revelam como garoto saiu do vagão antes de morrer atropelado por trem

Tatiana Cavalcani
São Paulo | Agora

Imagens cedidas pelo Metrô à Polícia Civil de São Paulo mostram o desespero de passageiros e dos parentes do garoto Luan Silva Oliveira, 3, que morreu atropelado no último domingo (23) por um trem da linha 1-azul do metrô, entre as estações Santa Cruz e Praça da Árvore, na zona sul da cidade.

De acordo com o delegado-titular do Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano), Cícero Simão da Costa, as imagens não serão divulgadas porque estão sob segredo de Justiça. Elas, segundo o policial, mostram a família do garoto dentro do trem, que seguia em direção à estação Jabaquara.

“Luan está no colo da mãe, que deixa cair uma bolsa. Ela o coloca em pé para apanhá-la e, nesse momento, o garoto anda rapidinho, passa pela porta, que logo se fecha”, afirma o delegado.

Menino que morreu na estação Santa Cruz - Reprodução
Luan Silva Oliveira, que morreu na estação Santa Cruz do metrô - Reprodução

O delegado disse ainda que nenhum passageiro ficou na plataforma da estação logo após a saída do trem com a família de Luan. “Na correria, o pessoal segue para a escada rolante e nem olha para trás. O menino foi na direção oposta e entrou no túnel, mas não sabemos como, porque as imagens não mostram.”

A mãe de Luan, a dona de casa Lineia Oliveira Silva, 25, afirma que gostaria de ver as imagens. “A polícia não me falou disso ainda. Quero provar para o Brasil e para o pai dele [que estava na Bahia no dia do acidente] que não tive culpa. Estou sendo acusada de vários lados e vou provar a todos que me julgaram que não tenho culpa”, afirma Lineia.

Os familiares da vítima prestarão depoimento à polícia na próxima semana.

A Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) da linha 1-azul afirma que solicitou reunião com o Metrô para propor medidas de prevenção na segurança das plataformas, mas não foi atendida. Sobre isso, o Metrô não comentou.

Já o diretor de Operações do Metrô, Milton Gioia, disse à TV Globo que portas na plataforma teriam impedido o acidente. “Foi uma fatalidade. Nosso sistema é muito seguro, mas alguns cuidados precisam ser tomados.”

Ele cita a licitação para a instalação de portas de plataforma. “Evitaria esse tipo de ocorrência”, afirmou.

O Metrô disse que vai instalar 36 portas de plataforma em estações que ainda não a possuem, das linhas 1- azul, 2-verde e 3-vermelha. Atualmente, estações mais novas do metrô já dispõem das portas automáticas nas plataformas —também comuns em outros países. De um total de 70 paradas da rede, 20 têm esse dispositivo.

As obras irão custar R$ 400 milhões. A instalação, diz, evitará a entrada de pessoas nos trilhos, que totalizaram 611 casos (em 2015); 706 (2016), 862 (2017) e 1.025 (em 2018, até quinta-feira).

ENTENDA O CASO

O garoto Luan Silva Oliveira estava acompanhado da mãe, do sogro dela, de uma irmã e do padrasto.

Moradora do bairro dos Pimentas, em Guarulhos (Grande SP), a família pretendia passar o domingo na praia, em Santos (72 km de SP), e tomaria um ônibus no Jabaquara (zona sul).

Na estação Santa Cruz, pouco antes de a porta se fechar, segundo a família, o garoto correu para fora do trem e acabou sozinho na plataforma. "Quando esvaziou o vagão, fui mudar de lugar e ele passou pela porta. Não deu tempo de impedir. Ele era uma criança muito agitada, não parava quieto”, diz a mãe.

A dona de casa afirma que ainda viu o filho gritando “mamãe, mamãe”, enquanto a composição deixava a plataforma. “Eu passei mal e caí. Todo mundo se desesperou”, afirma Lineia.

A suspeita dela é de que Luan tenha corrido direto para o túnel por onde o trem foi embora. “Como ele viu o trem partindo comigo, ele deve ter pensado ‘a minha mãe foi para esse lugar' e foi atrás”, diz Lineia.

Ao chegar à Praça da Árvore, a família tomou o trem no sentido contrário até a estação Santa Cruz e procurou ajuda com funcionários do Metrô. O garoto foi encontrado nos trilhos, ainda com vida, a 200 metros da plataforma, no túnel em direção à Praça da Árvore.

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