Após dois anos em queda, casos de dengue voltam a crescer no país em 2018

Balanço aponta que, em todo o ano passado, houve aumento de 11% nos casos prováveis da doença

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Brasília

Após dois anos em queda, o número de casos prováveis de dengue voltou a crescer no país em 2018, apontam dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (28).

Balanço feito pela equipe técnica da pasta mostra que, em todo o ano passado, foram registrados 266 mil casos prováveis da doença. Já em 2017, foram 239 mil notificações, o que equivale a um aumento de 11%.

O levantamento considera os casos confirmados em exames e outros de pacientes que, em diagnóstico clínico, apresentaram sintomas e quadro correspondente à dengue em regiões onde já havia outros casos –daí serem considerados prováveis.

Ainda que pequeno, o aumento interrompe uma sequência de queda no número de casos da doença no país, situação que vinha sendo registrada nos balanços anuais desde 2016.

Até então, essa redução era atribuída ao reforço nas ações de controle do mosquito transmissor, o Aedes aegypti, desde a entrada do vírus da zika. Outro fator, segundo especialistas, era o próprio ciclo epidemiológico da dengue. Isso porque, após períodos de forte epidemia, há uma redução no número de pessoas suscetíveis a cada subtipo de vírus em circulação.

Agora, o aumento volta a trazer alerta para o risco de novos casos da doença neste ano, sobretudo no verão, período em que aumenta a infestação do mosquito transmissor.

Em 2018, o aumento foi puxado por 12 estados, a maioria nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Lideram essa lista Goiás, com 86 mil casos, seguido de Minas Gerais, Rio Grande do Norte e São Paulo.

AVANÇO EM SÃO PAULO

O Ministério da Saúde ainda não divulgou dados sobre casos prováveis neste ano. Em São Paulo, no entanto, o governo João Doria (PSDB) colocou o estado em situação alerta devido ao aumento de casos, conforme mostrou a Folha nesta segunda-feira.

A avaliação ocorre devido a maior circulação do sorotipo 2 do vírus da dengue em cidades do Norte e Nordeste do estado.

A evolução desse tipo de vírus é mais grave em pessoas que já contraíram outros sorotipos da doença, segundo o coordenador de Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde, o infectologista Marcos Boulos. Ele diz que a capital e a Grande São Paulo não apresentam casos de sorotipo 2.

No estado como um todo, o os sorotipos mais prevalentes desde 2014 vinham sendo o 1 e o 3. “Desde o ano passado, o vírus tipo 2 já circula pelo país. Neste ano, a situação está mais preocupante. Quando aparece um novo sorotipo, automaticamente se provoca uma confusão imunológica, que é agravada no paciente que já contraiu a doença. Os danos são bem mais severos”, afirmou.

A recomendação é que haja maior controle de focos do mosquito para evitar novos casos.

Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde em junho, no entanto, já alertava para o risco de novo avanço da dengue. Na época, uma em quatro cidades já apresentava índice considerado alto de infestação do mosquito Aedes aegypti, segundo dados do estudo LirAa (Levantamento Rápido de Infestação de Aedes aegypti).

ZIKA E CHIKUNGUNYA

Na contramão dos casos de dengue, o número de registros de zika e chikungunya teve nova queda em 2018. Ambas as doenças são transmitidas também pelo Aedes aegypti.

 Ao todo, o número de casos de zika somou 8.680 no último ano, contra 17 mil em 2017. 

Já os casos de chikungunya somaram 87 mil, contra 185 mil no ano anterior. No mesmo período em que caiu no país, no entanto, a doença avançou e trouxe alerta em alguns estados –caso do Rio de Janeiro e Mato Grosso, por exemplo, o que reforça a necessidade de manter o controle do mosquito transmissor. 

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