Avanço da dengue tipo 2 adia início de aulas no interior de São Paulo

Há duas mortes no estado; começo do ano letivo em São Joaquim da Barra foi transferido para 18 de fevereiro

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São Paulo

O avanço de casos prováveis de dengue do sorotipo 2 no estado de São Paulo levou um município paulista a adiar em duas semanas o início das aulas e pôs em alerta hospitais públicos e privados.

Desde 2014, os sorotipos mais prevalentes eram o 1 e o 3. A evolução de uma nova infecção é mais grave em pessoas que já contraíram outros sorotipos da doença.

Nos casos mais graves, as manifestações iniciais são as mesmas da forma clássica (febre, dor de cabeça, dores musculares), mas, entre o terceiro e o sétimo dia, há uma regressão da febre, o hemograma mostra que as plaquetas caem para menos de 100 mil milímetros cúbicos e a pressão arterial pode baixar.

Em São Joaquim da Barra (SP), perto de Franca, as aulas começariam na segunda-feira (4), mas foram adiadas para o dia 18. A justificativa da prefeitura é que há muitos focos do Aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus da dengue, nos arredores das escolas.

​Em uma semana, o município registrou três mortes de pessoas com sintomas de dengue grave que estão sendo atribuídas ao tipo 2: uma menina de 9 anos, no dia 21, uma idosa de 79, no dia 28, e um comerciante de 62, no dia 28. Há 104 casos confirmados da doença e 158 suspeitos.

Segundo Marcos Boulos, coordenador de controle de doenças da Secretaria Estadual de Saúde, por enquanto não se sabe se as mortes em São Joaquim estão associadas ao sorotipo 2 do vírus da dengue.

Ele diz que no estado há duas mortes confirmadas por dengue em 2019, em Bauru e na capital, mas ainda não há os resultados do isolamento do vírus que indicam o tipo viral.

Até o dia 15 de janeiro, 610 casos de dengue tinham sido contabilizados no estado. Ano passado, foram 888 registros ao longo do mês inteiro. 

 
O vírus tipo 2 da dengue foi detectado em 19 cidades dos 645 municípios paulistas nas regiões de Araçatuba, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, e colocou todo o estado de São Paulo em alerta.

“A predominância dos casos no estado ainda é o tipo 1, mas o tipo 2 começa a aumentar bastante, e a tendência é que tenhamos casos mais graves.”

Pessoas infectadas por sorotipos diferentes em um período de seis meses a três anos podem ter uma evolução para formas mais graves da doença.

“Não é por ser o tipo 2. O problema é a pessoa ser infectada por um vírus e depois por outro. Quando isso acontece, existe uma resposta do organismo, uma desorganização orgânica, que pode ter evolução para maior gravidade.”

Segundo ele, profissionais de hospitais públicos paulistas estão sendo capacitados para diagnosticar rapidamente a dengue mais grave. “Em geral, nos casos de dengue, você hidrata o paciente, recomenda repouso e manda para casa se estiver tudo bem. Na dengue tipo 2, a gente não deve libera imediatamente, tem que ficar observando mais tempo e agir rapidamente se o paciente evoluir para um quadro mais grave.”

A Fehoesp (Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo) emitiu um comunicado fazendo esse alerta aos mais de 430 hospitais privados, 70 serviços de urgência e emergência e cerca de 9.000 clínicas.

Segundo Yussif Ali Mere Jr, presidente da Fehoesp, o objetivo é fazer com que os serviços sejam mais criteriosos antes de dar alta ao paciente. “Os serviços de saúde só podem liberá-lo com convicção de que ele não tem o tipo 2.”

O Ministério da Saúde ainda não divulgou dados sobre casos de dengue neste ano.

Erramos: o texto foi alterado

Em uma versão anterior deste texto, o subtítulo dizia que o início das aulas tinha sido adiado para 18 de janeiro. O correto é 18 de fevereiro.  

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