Descrição de chapéu Tragédia em Brumadinho

Criticada, Vale diz que vai doar R$ 100 mil para família de vítima

Empresa já perdeu mais de R$ 70 bi em valor de mercado após tragédia em Brumadinho

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Rio de Janeiro

A Vale anunciou nesta segunda (28) que doará R$ 100 mil para a família de cada vítima do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), ocorrido na última sexta (25), independentemente de serem funcionárias da empresa. 

Até o momento, autoridades confirmam 65 mortos e 279 desaparecidos. O diretor financeiro da companhia, Luciano Siani, disse que famílias já estão sendo cadastradas para receber a doação. 

Ele frisou que não se trata de indenização, que será definida mais tarde com as autoridades. "As indenizações nós sabemos que serão valores muito maiores, que precisam ser obviamente ser conversados com famílias e com autoridades", afirmou.

“Muitas das vítimas eram pais de família e provedores da casa”, completou o executivo, dizendo que trata-se de uma ajuda emergencial "para incertezas de curto prazo".

A Vale anunciou também a contratação de uma equipe de psicólogos especializados em vítimas de tragédias do hospital Albert Einstein para dar apoio às vítimas na região do acidente.

A empresa disse ainda que vai manter o pagamento de royalties sobre ao município de Brumadinho. Segundo Siani, cerca de 60% da arrecadação da prefeitura em 2018 veio da produção de minério.

"A cidade de Brumadinho não vai ter nenhuma perda de arrecadação no que depender da Vale", disse Siani. Em 2018, segundo ele, a arrecadação total do município ficou em cerca de R$ 140 milhões.

Em outra frente, vai instalar uma barreira no rio Paraopebas, na altura do município de Pará de Minas, para tentar conter a lama despejada da barragem que se rompeu e evitar a contaminação da água que abastece a cidade. A previsão é que os rejeitos atinjam a cidade em 38 horas.

Também está sendo elaborado um projeto de construção de diques próximos à mina de Brumadinho, para tentar conter os sedimentos provenientes da lama.

Siani evitou falar sobre causas do acidente, dizendo que a prioridade é o atendimento das vítimas. Disse apenas que a Vale planeja um “plano ousado” de investimentos para enfrentar o problema.

“Esse tipo de barragem é de construção muito antiga”, afirmou, frisando que o monitoramento preventivo feito pela companhia não detectou problemas antes do acidente, como já havia ocorrido no rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), em 2015.

"Até então se acreditava que, com o monitoramento adequado, essas barragens eram seguras. Esses conceitos possivelmente terão que ser revistos", comentou. A barragem que se rompeu na última sexta foi construída em 1976.

Siani disse também ter ficado surpreso com a localização do refeitório da unidade industrial, que ficava abaixo da barragem e foi engolido pela onda de lama. Ele ponderou que, apesar de ser uma "aparente imprudência", a localização não contrariava as normas de segurança.

"Para você ter uma ideia, o gerente responsável pelo monitoramento da barragem foi um dos que faleceram no restaurante. A própria pessoa que decide a respeito dos investimentos, que decide o que fazer, estava tão segura que almoçava todo dia no restaurante", argumentou.

Criticada por falta de assistência, a mineradora afirmou que vem disponibilizando água, comida e abrigo para os atingidos desde o rompimento. Nesta segunda (28), primeiro dia de operação da Bolsa após a tragédia, a empresa perdeu R$ 71 bilhões em valor de mercado.

Abaixo, veja o que a Vale diz já ter feito.

Assistência às vítimas e famílias

  • Postos de atendimento montados: 5
  • Equipe de acolhimento: 240 assistentes sociais, psicólogos e empregados da empresa voluntários, 24 horas por dia (chamada de Comitê de Ajuda Humanitária)
  • Equipe para cadastro das famílias: 20 pessoas treinadas
  • Água potável disponibilizada: 1,4 milhão de litros
  • Cestas básicas compradas: 820
  • Remédios e itens de higiene distribuídos: 1.399, em parceria com rede de farmácias
  • Leitos disponibilizados para pessoas retiradas de perto do rio Paraopeba: 1.500, com ocupação de 36%
  • Distribuição de marmitas para familiares que estão no IML e em pontos de apoio em Brumadinho
  •  Acompanhamento do plano de saúde dos funcionários nos hospitais

Informação

  • Canais de atendimento criados para que a população informe sobre desaparecidos e solicite assistência emergencial, como abrigo, água, cesta básica, roupa, medicamento ou transporte: 0800 285 7000 (Alô Ferrovia - prioritário) e 0800 821 5000 (Ouvidoria da Vale)
  • Ligações recebidas: 1.400 até a manhã de domingo (27)
  • Pessoas direcionadas para os centros de suporte: 1.000 até a manhã de domingo (27)

Apoio nas buscas

  • Atuação ininterrupta junto com o Corpo de Bombeiros e Defesa Civil
  • Equipamentos disponibilizados: um helicóptero, retroescavadeiras, drones, balões com infravermelho e wifi, 15 torres de iluminação e 40 ambulâncias

Animais e meio ambiente

  • Mobilização de equipes para monitorar a bacia do rio Paraopeba, resgatar animais e apoiar medidas de saneamento
  • Profissionais empregados: 50, incluindo veterinários, biólogos e auxiliares (contando com voluntários do Conselho Regional de Medicina Veterinária, consultorias e funcionários)
  • Animais domésticos resgatados: 26
  • Canais para informar sobre animais em situação de risco e resgatados: 0800 285 7000 ou Corpo de Bombeiros

Medidas administrativas

  • Suspensão de pagamento de dividendos e de remuneração variável aos acionistas
  • Criação de um grupo de trabalho para apresentar nos próximos dias um plano para elevar o padrão de segurança das barragens da empresa
  • Criação de dois comitês independentes, com maioria de membros externos e “com experiência nos temas de que se ocuparão”: 1. Comitê de apoio e reparação, para acompanhar as providências de assistência às vítimas e recuperação da área atingida; 2. Comitê de apuração, para apurar as causas e responsabilidades pelo rompimento da barragem

Presença no local da tragédia

  • No sábado (26), o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, sobrevoou a região e se reuniu com representantes dos governos estadual e federal para avaliar as medidas de apoio ao resgate e atendimento às vítimas e seus familiares
  • No domingo (27), Schvartsman sobrevoou novamente o local e foi ao Centro de Comando, na Faculdade ASA, e conversou com equipes de funcionários da Vale, voluntários, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar, além de autoridades locais
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