Descrição de chapéu Obituário Evaldo Gomes Bragança (1946 - 2019)

Mortes: Criminalista fã de quadrinhos e amante da simplicidade do interior

Com boa oratória e vasto conhecimento, Evaldo tinha certo ar de sabe-tudo

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São Paulo

Quando as crianças importunavam Mercedes com questionamentos que ela não saberia explicar, a resposta era uma só. “Pergunta pra enciclopédia.” A indicação não era para que consultassem uma Barsa, Delta-Larousse ou Mirador, mas o marido, Evaldo.

“Ele tinha uma cultura ímpar”, relembra a mulher. Bom leitor e estudioso, o homem era dotado de notável senso crítico —“contestava tudo”, ela diz— e tinha boa oratória. Após o seu discurso no casamento dos dois, em 1982, não havia um rosto entre os convidados que estivesse seco.

Com esse conjunto de características, não à toa tornou-se um criminalista de destaque após estudar direito na faculdade do largo São Francisco (USP).
 

Evaldo nasceu na mineira Araguari quase por acaso. Seu pai era um bancário que vivia alocado em diferentes cidades. A família se estabeleceu em Santo André, na Grande São Paulo, quando ele ainda era criança.

Lá, teve uma infância feliz no bairro Campestre, à época com cara de interior. Nadava no rio, colhia frutas nos pés e brincava de estilingue com amiguinhos e os dois irmãos. Na vida adulta, estabeleceu-se em Riacho Grande, que conserva características semelhantes. 

Fã de quadrinhos, guardava uma vasta coleção de gibis de personagens fantásticos como Tintim, Conan, Batman, X-Men, Homem Aranha e Homem de Ferro. Mais recentemente, um dos programas que fazia com o filho era assistir as adaptações dessas histórias para o cinema.

Nunca deixou de trabalhar. Brincava que morreria na escada do fórum. Nos últimos tempos, debilitado, precisou do auxílio de uma cadeira de rodas para ir a uma audiência, o que não o impediu de ganhar a causa e tirar o cliente da prisão.

Morreu no dia 6, aos 72, devido a complicações de diabetes —jamais abriu mão dos prazeres. Deixa a mulher, Mercedes, os filhos Isabele e Evaldo, a irmã Edna e o sócio Norberto, um irmão nos últimos 40 anos.

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