Descrição de chapéu Obituário José Marino (1920 - 2018)

Mortes: Pracinha brasileiro, voltou à Itália para ser reconhecido herói

Marino participou de batalhas em Monte Castelo e Montese na Segunda Guerra

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São Paulo

Nos anos finais da Segunda Guerra (1939-1945), o Brasil enviou 25 mil homens à Europa para lutar ao lado dos Aliados. José Marino foi na primeira leva. Com a Força Expedicionária Brasileira (FEB), participou em quatro dos seis ataques que levaram à conquista de Monte Castelo e na tomada de Montese. 

Foi na cidade do norte da Itália que viu seu melhor amigo, Weber, ser atingido por uma granada e morrer. Por ordem de superior, coube a ele limpar os equipamentos que o companheiro carregava, antes de seguir em frente. O passo foi interrompido quando os nazistas atingiram Marino.

Ele dizia que dos 239 dias que esteve na guerra, 235 foram no inferno e quatro no paraíso - o período em que foi levado ao hospital depois do ataque. Levou quase 70 anos, para que, em visita a um monumento no Rio, pudesse beijar a lápide do amigo que teve de deixar para trás. 

Em 2015, Marino voltou à Itália a convite dos amigos Vitor Luis e Ana. Onde viveu os piores dias de sua vida, encontrou um povo grato pela liberdade conquistada e foi tratado como herói. 

Nascido em Pedreiras, interior de São Paulo, ele cresceu na fazenda do avô materno, italiano de Padova, em Santa Rita do Passa Quatro. Sem escola por perto, foi no Exército que aprendeu a ler e a escrever. 

Na volta ao Brasil, Marino foi recebido com homenagens na cidade. No meio da recepção, conheceu a professora Laura, que virou sua esposa por cinquenta anos (ela morreu há cerca de 20). Os dois tiveram três filhas, mas apenas Maria do Carmo sobreviveu. 

“Ele foi uma pessoa muito especial, muito família”, diz ela. Vitor Luis também o descreve assim: “Era uma joia rara, tinha delicadeza, educação, era um lorde inglês.”

Marino morreu no último dia de 2018, aos 98 anos, em decorrência de um câncer na bexiga, em Araraquara. A cidade foi onde passou a maior parte da vida. Deixou a filha, dois netos, dois bisnetos e muitos admiradores.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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