Descrição de chapéu Alalaô

Bolsonaro gigante no Carnaval de Olinda vira bonecão da discórdia

Temendo confusão e protestos, órgão sugeriu que alegoria do presidente não desfilasse na cidade

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Recife

Natan Oliveira, 22, passou metade da vida carregando nos ombros os mais variados bonecos gigantes de personagens famosos pelas ladeiras do sítio histórico de Olinda no Carnaval.

Neste ano, encara uma missão mais arriscada: foi escolhido para conduzir, em meio ao forte acirramento político brasileiro, a alegoria em homenagem ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Boneco gigante de Bolsonaro, em Recife (PE); desfile em Olinda poderia não ocorrer por medo de represálias
Boneco gigante de Bolsonaro, em Recife (PE); desfile em Olinda poderia não ocorrer por medo de represálias - Ademar Filho/Futura Press/Folhapress

“Sou apenas um trabalhador honesto. As pessoas precisam entender que é simplesmente um boneco. É a mesma coisa de quando era Dilma e Lula. Nada aconteceu”, comenta Natan.

Temendo uma confusão generalizada, a Embaixada dos Bonecos, entidade privada responsável pelo encontro dos gigantes, chegou a cogitar que Bolsonaro desfilasse apenas no Carnaval do Recife.

A semana pré-carnavalesca em Olinda está sendo marcada por gritos de protesto contra o presidente da República durante grande parte dos desfiles.

“Conforme havia dito, nós estávamos analisando o termômetro da situação para saber se ele desfilaria ou não em Olinda. Decidimos que sim. E vai acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro”, assegura Leandro de Castro, idealizador da Embaixada dos Bonecos.

Ele afirma que não haverá uma segurança especial, mas que é preciso cautela no evento. “Qualquer tipo de vandalismo seria muito ruim para a imagem do nosso estado.”

Ao todo, 130 manipuladores vão participar do desfile. "Todos são de Olinda. Conhecem bastante a cidade."
 

BLOCOS EM APOIO A HADDAD

No segundo turno das eleições, em Olinda, o então candidato Jair Bolsonaro teve 43,49% dos votos contra 56,51% de Fernando Haddad (PT). No domingo antes do pleito, a cidade foi tomada por 86 blocos de Carnaval que foram às ruas em apoio ao petista.

“Carrego bonecos há 11 anos, desde que eu era criança. Medo todo mundo tem por causa da violência, mas estou confiante de que nada vai acontecer”, acredita Natan.

Eleitor de Bolsonaro, ele se diz feliz e honrado com o desafio. “Olinda tem muita gente e muito bloco que é contra o presidente. Isso nós sabemos, mas estamos estudando uma estratégia durante o percurso para que não aconteça nada comigo e nem com o boneco”, diz.

Leandro de Castro informou que Jair Bolsonaro foi comunicado oficialmente sobre a homenagem.

“A questão do boneco do presidente da República já é uma tradição que temos. O nosso espírito é de confraternização e de paz”, ressalta.

Na época em que era presidente, Michel Temer (MDB) não ganhou um boneco gigante com o seu rosto. “Tinha aquele problema do impeachment e acabamos não fazendo”, explica Castro.

Ele diz que a polêmica neste ano partiu de alguns blocos de Carnaval. “São agremiações que, na verdade, têm partidos de esquerda por trás.”

O organizador avisa que as pessoas têm a liberdade de se manifestarem como quiserem. “Desde que usem uma boa fórmula, respeito. Quem passar do limite aí é com a polícia”, declarou.

O boneco de Bolsonaro ficou pronto em novembro do ano passado. Ele pesa 20 quilos e deve desfilar por, aproximadamente, duas horas.

“No Recife, é mais fácil, bem mais tranquilo. Em Olinda, há muitos blocos petistas”, alega Natan.

O desfile em Olinda, que conta com cem personagens conhecidos, ocorre às 10h30, na segunda-feira de Carnaval, no Alto da Sé. Na terça, às 17h, os gigantes se encontram na praça do Arsenal, no centro do Recife.


 

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