Chuva forte derruba árvores, alaga ruas e trava o trânsito em São Paulo

Temporal derrubou centenas de árvores; número de ocorrências pode aumentar

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São Paulo

A forte chuva que atingiu a capital paulista entre a noite de segunda (25) e o início da tarde desta terça-feira (26) alagou ruas, cancelou voos, derrubou centenas de árvores e causou o segundo maior congestionamento de veículos do ano na cidade.

QUEDAS DE ÁRVORE

Segundo a Defesa Civil, a queda de pelo menos 400 árvores foram registradas na cidade nesta terça até as 20h. Para os bombeiros, o número de ocorrências ainda pode crescer. Em dois dias a corporação recebeu 665 pedidos de atendimentos relacionados a árvores que caíram na região metropolitana.

Uma das árvores caiu na rua Traipu, em Perdizes (zona oeste), local onde vive a irmã e a cunhada de Antonio Reis Silva Filho, 60. O engenheiro civil disse à reportagem da Folha que a família já fez várias reclamações à prefeitura sobre o estado da árvore que veio ao chão neste temporal. "Mas nada aconteceu. Era evidente que faltava equilíbrio à copa da árvore e que ela poderia cair a qualquer momento por falta de uma poda de qualidade." A queda da árvore não feriu ninguém no local.

Dois ônibus e três carros foram atingidos por uma árvore que caiu na praça João Mendes, no centro de São Paulo.

A árvore tombou sobre os veículos durante chuva com forte vento que caiu sobre a cidade no início da tarde desta terça-feira (26). De acordo com a PM, não houve feridos.

“Vi a árvore caindo e só tive tempo de inclinar o corpo para frente, sobre a catraca, para me proteger”, diz o cobrados de um dos ônibus atingidos Jorge Antônio Dias, 59.

Ele conta que o ônibus que faz a linha Terminal Carrão-Sé estava vazio na hora do acidente e nenhum passageiro foi ferido. “Instantes antes tinha dito para o motorista que a chuva estava vindo forte demais”, disse o cobrador, que conta ter ajudado os passageiros a descer do ônibus pela porta esquerda, no lado oposto aos galhos caídos no chão. “Os galhos caíram sobre os fios de eletricidade e estava dando curto”, disse o cobrador.

O pastor Cleider Alfaya, 40, estava no carro Honda preto quando foi atingido pela árvore. “Estava parado no sinal vermelho quando começaram os estalos. Os vidros todos quebraram”, disse ele que estava sozinho no veículo. Ele diz que não tem seguro do automóvel. 

O pastor, que é comerciante, conta que se emocionou ao sair do veículo e ver que os dois ônibus seguraram os galhos e impediram estrago maior em seu carro. “Foi obra de Deus”. 

Os proprietários dos demais veículos não foram encontrados pela reportagem.

Todas as linhas de trólebus que circulam pela região da praça da Sé estão foram desviadas no período da tarde. Técnicos da SPTrans avaliam se vão conseguir restabelecer ainda nesta terça-feira os fios de eletricidade que alimentam o sistema.

A queda de árvore na praça João Mendes travou o trânsito na região central. Apenas duas faixas de rolamento que dão acesso à praça da Sé estavam abertas para a passagem de veículos no início da noite desta terça. Outras quatro vias continuaram interditadas. 

Passageiros de linhas de ônibus que circulam pela região precisaram se deslocar para a avenida Liberdade para embarcar.

Em janeiro deste ano, a capital teve 1.358 quedas de árvore, um número 67% superior ao que foi registrado em igual período do ano passado (811). Em média, foram contabilizados pela prefeitura, sob gestão Bruno Covas (PSDB), 43 tombamentos de árvore por dia.

No ano passado, as queixas por falta de poda e remoção de árvores assumiram a liderança no ranking de reclamações feitas à Ouvidoria da Prefeitura de São Paulo. Foram 3.420 acionamentos, um aumento de 39,3% em relação a 2017, superando as solicitações relacionadas a buracos e pavimentação.

Para a Secretaria Municipal das Subprefeituras, desde meados de 2018, todas as administrações regionais têm mais de uma equipe de poda e manejo de árvores (em média, são 65 equipes na capital).

A queda das árvores e o acúmulo de água no asfalto durante o temporal foram os responsáveis por congestionamentos que prejudicaram a ida do paulistano ao trabalho nesta terça.

Por volta das 8h30, a capital paulista registrou o segundo maior congestionamento de veículos do ano, com 185 km de filas em todas as regiões. O maior congestionamento do ano ocorreu às 9h30 do dia 4 de fevereiro, com 202 km de trânsito travado, segundo medição da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

 
A cidade ficou em estado de atenção para alagamentos ao longo de toda a madrugada e voltou novamente ao alerta no início da tarde. O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) contabilizou 10 pontos de alagamentos —a maioria deles, intransitáveis para a passagem de veículos na madrugada e outros cinco pontos no período da tarde.

No meio da tarde, os trens da linha 3-vermelha do Metrô chegaram a circular com velocidade reduzida por causa de uma ocorrência na estação terminal Corinthians-Itaquera às 15h28, ocasionando filas e volume de passageiros acima da média para o horário.

A situação durou mais de meia hora, e a circulação foi normalizada por volta das 16h05.

A avenida das Nações Unidas, no alto de Pinheiros, e o Túnel Max Feffer, em Pinheiros, foram alguns dos pontos com grande acúmulo de água.

Por causa da chuva, a laje de uma casa em Suzano (Grande SP) cedeu e feriu dois idosos que estavam na residência. Eles sofreram ferimentos leves e passam bem, segundo os bombeiros.

Em Sapopemba, na zona leste da capital paulista, duas casas desabaram, mas ninguém ficou ferido.

O temporal também foi a causa de 37 cancelamentos de voos no aeroporto de Guarulhos, o maior terminal aeroportuário do país, na manhã desta terça.

No aeroporto Campo de Marte os ventos chegaram a 88 km/h.

CHUVA PERSISTE

De acordo com o CGE, o tempo continuará instável nos próximos dias com chuvas concentradas na forma de pancadas no período da tarde. Na quarta (27), o tempo seguirá instável com chuvas alternadas com períodos de melhoria no decorrer do dia. Os termômetros vão oscilar entre 19ºC e 25ºC.

A quinta-feira (28) deve apresentar muita nebulosidade. O céu permanece com muitas nuvens e as temperaturas não deverão subir muito. As mínimas oscilam em torno dos 18°C, enquanto as máximas não devem superar os 24°C.

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