Fora do controle do governador, ligação entre CPTM e aeroporto vira bandeira de Doria

Conexão depende de acordo com o governo federal e concessionária, que dizem estar em debate

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São Paulo

Em sua segunda semana como governador paulista, João Doria (PSDB) declarou publicamente que a ligação da estação Aeroporto da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) a Cumbica (a pelo menos 1 km de distância) é bizarra

Ao criticar o que chamou de má gestão de seu antecessor e padrinho político, Geraldo Alckmin (PSDB), Doria prometeu ainda dar solução à falta de conexão dos trens com o aeroporto. Desde que Doria falou do tema, dois de seus secretários também se comprometeram com a causa. 

A solução, porém, passa longe do Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista) e depende de negociação entre a atual concessionária de Cumbica, a GRU Airport, e o governo federal. 

Hoje, os passageiros da CPTM desembarcam a cerca de 600 metros do Terminal 1 de Cumbica, o mais vazio dos três do aeroporto. O trajeto até o Terminal 3, mais distante, é de cerca de 2,5 km. O deslocamento é feito por uma frota de ônibus mantida pelo aeroporto. 

Nesta segunda-feira (18) foi a vez do secretário da Fazenda, Henrique Meirelles, chamar de irracional a falta de conectividade dos dois pontos. Dias antes, o novo presidente da CPTM, Pedro Moro, e o secretário de transportes metropolitanos, Alexandre Baldy, já haviam dito que uma solução em substituição aos ônibus seria feita nas próximas semanas e meses. 

Para o Baldy, a proposta em discussão nesse momento é a construção de esteiras rolantes entre a estação da CPTM e os terminais 1 e 2 do aeroporto. Essa solução teria sido proposta em uma reunião no último dia 8 com Baldy, Doria e o ministro da Infraestrutura, que participou da campanha de Meirelles à eleição presidencial (agora secretário de Doria).

"Não cabe ao governo estadual cobrar do consórcio do aeroporto a execução dessa obra. Mas também não podemos ficar paralisados enxergando que não podemos ter a chegada do passageiro no terminal do aeroporto", disse Baldy à imprensa há uma semana. 

Segundo Baldy, os investimentos deverão ser realizados pelo consórcio do aeroporto em troca de um barateamento da outorga anual de concessão paga ao governo federal.

A concessionária diz que a ligação com a estação da CPTM não está no contrato de concessão com o governo federal e que esse investimento teria de ser compensado de alguma forma. "A concessionária está disposta a discutir a implantação de outro sistema, desde que seja compatível com o plano de expansão do aeroporto e que seja mantido o equilíbrio econômico financeiro do contrato de concessão", disse por meio de nota.  

O Ministério da Infraestrutura afirma que as propostas estão sendo analisadas, mas ainda não há qualquer definição. O ministério diz estar mantendo negociações com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a concessionária GRU e o governo paulista.

A chegada de trens ao aeroporto foi prometida por Alckmin em 2002, mas só foi entregue em 2018. À época, o governador prometeu que a estação dos trens levaria direto ao terminal de embarque de Guarulhos. O projeto original da estação previa sua construção em frente ao que é hoje o terminal 2 do aeroporto.

Mas em 2012, ano de concessão do aeroporto à iniciativa privada, Alckmin recebeu a notícia de que a concessionária não cederia espaço para uma estação de trem dentro da área do aeroporto. Em vez disso, o aeroporto cederia uma área próxima depois do que é hoje o terminal 3 para receber uma estação do trem bala, prometido por Dilma Rousseff e que ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro, passando por Cumbica.

Outras áreas do aeroporto que poderiam receber a estação da CPTM foram separadas pela concessionária para receber empreendimentos comerciais, como shoppings ou hotéis. Mas com a crise econômica no país, o projeto não avançou. 

A concessionária teria entrado em um acordo com Alckmin e disse que construiria um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) [espécie de bonde] até o aeroporto, o que também não aconteceu. A concessionária então trocou a promessa de VLT pelos atuais ônibus. 

TRENS NO FINAL DE SEMANA

Enquanto uma ligação mais próxima não sai, a CPTM diz estar estudando a ampliação de suas viagens diretas desde o centro de São Paulo até o aeroporto. A ideia agora é fazer essas viagens também aos finais de semana. 

Hoje, é possível ir de trem até o aeroporto por três serviços diferentes oferecidos pela CPTM. O serviço expresso de trens entre a estação da Luz, no centro de São Paulo, e a região do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, parte cinco vezes ao dia em cada um dos sentidos, mas funciona apenas nos dias de semana. A tarifa custa R$ 8 e a viagem dura cerca de 35 minutos. 

Outro serviço é o que sai e chega à estação Brás seis vezes ao dia. A viagem para em três estações antes de chegar ao aeroporto. Esse serviço funciona de segunda a sábado. O serviço não tem tarifa específica e basta entrar no sistema de transporte sobre trilhos, ao custo de R$ 4,30. A viagem dura cerca de 35 minutos. 

O terceiro caminho para o passageiro é fazer seguidas baldeações até a estação Engenheiro Goulart da CPTM, da linha-12 safira, na zona leste de São Paulo. De lá, deve-se pegar o trem até o aeroporto, ao custo de uma tarifa comum de R$ 4,30. O tempo de deslocamento depende da estação de origem do passageiro. Aos domingos, os intervalos dos trens é maior do que em dias normais, tornando essa rota menos atrativa.

Segundo a CPTM, a criação de viagens da a Luz ou do Brás para o aeroporto aos domingos depende de obras de modernização da linha 12-safira. 

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