Metrô cogita fechar estações nos fins de semana para colocar portas automáticas

Doria quer adiantar implantação de dispositivo de segurança nas plataformas prometido desde 2010

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São Paulo

O Metrô de São Paulo e a gestão João Doria (PSDB) cogitam fechar algumas estações da rede em feriados e finais de semana para acelerar a colocação de portas automáticas em suas plataformas

A instalação desses itens de segurança é prometida há quase uma década. Mas o Metrô espera para março o recebimento das propostas de empresas interessadas em prestar esse serviço em 36 estações das linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha, as mais antigas do sistema paulista —inauguradas em 1974, 1991 e 1979, respectivamente.

O objetivo, de acordo com a companhia, é aumentar a segurança dos usuários e melhorar a fluidez dos trens, que não sofrerão mais com algumas interrupções da operação. No ano passado, cada interrupção da via paralisou a operação da linha em quatro minutos, em média.

Pelo edital da concorrência, o prazo para a colocação das portas é de 56 meses. Ou seja, se o contrato for assinado ainda este ano, a implantação das portas só será terminada em 2024, levando em conta também o prazo para testes.

Mas segundo, o presidente do Metrô, Silvani Pereira, Doria pressionou para que esse prazo seja encurtado o máximo possível, mantendo-se os níveis de segurança. A proposta a ser apresentada pelo Metrô deverá ser a de fechamento de algumas estações em dias de menor demanda de passageiros, com o finais de semana e feriados. 

"A intervenção para se instalar uma porta de plataforma em uma linha que está operando não é fácil. Você precisa de uma obra de engenharia que suporta a plataforma, você tem o tempo de secagem do concreto e depois colocar a face [um dos lados da porta automática na plataforma]. Na época oportuna, talvez num final de semana ou feriado, vai ter de fechar uma estação para conseguir fazer essa intervenção", disse Pereira à imprensa nesta terça-feira (12).

O secretário de transportes metropolitanos, Alexandre Baldy, ressaltou que o prazo de quatro horas na madrugada (período em que o Metrô não tem operação comercial) talvez seja pouco para as intervenções a serem feitas. Segundo ele, cada uma das estações deverá passar por uma análise para saber qual o tamanho da obra a ser feita e, portanto, qual o período para implantar as portas em cada ponto. 

Além do prazo, uma preocupação do projeto está ligada ao peso das portas sobre as plataformas. Grande parte das estações foi projetada ainda na década de 1970 e não contava que estruturas tão pesadas como as portas automáticas fossem instaladas. Uma solução de engenharia terá que ser planejada. 

 

Atualmente, estações mais novas do metrô já dispõem das portas automáticas nas plataformas —também comuns em outros países.

Das paradas mais antigas, a Vila Matilde, da linha 3-vermelha, também recebeu a estrutura em 2010, como parte de um projeto da década passada orçado em R$ 71,4 milhões —que também seria estendido a outras estações, mas naufragou após falhas no funcionamento e gastos de mais de R$ 11,8 milhões à época.

Como na linha 3-vermelha rodam trens de modelos diferentes, havia diferença no espaço entre as portas, incompatíveis com alguns trens —as portas da composição precisam abrir exatamente diante das portas automáticas fixas das estações.

Na estação da zona leste, as portas ficaram mais de cinco anos funcionando apenas esporadicamente, aos finais de semana. Atualmente, as plataformas já funcionam normalmente em dias úteis também.

Atualmente, além da Vila Matilde, há portas automáticas nas plataformas das estações Sacomã, Tamanduateí e Vila Prudente (as mais recentes da linha 2-verde), nas estações do monotrilho da linha 15-prata do Metrô e nas linhas 4-amarela e 5-lilás (parcialmente), operadas pela iniciativa privada.

Embora o Metrô já previsse a colocação das portas automáticas em 36 estações desde agosto do ano passado, o assunto voltou a ter destaque após a morte do menino Luan Silva Oliveira, 3, em dezembro. 

Luan Silva Oliveira viajava com familiares no sentido Jabaquara. Na estação Santa Cruz, pouco antes de a porta se fechar, correu para fora do trem e acabou sozinho na plataforma. Imagens de circuito interno mostram o menino entrando em uma área de acesso restrito e correndo pelo túnel do metrô. Segundo inquérito, Luan foi atropelado cerca de quatro minutos após ter saído da composição.

A porta automática na plataforma é um dos dispositivos de segurança que poderiam ter evitado o acidente. 

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