Ministério Público investiga trote machista em universidade de Franca

Universitárias foram coagidas a jurar 'nunca recusar uma tentativa de coito de um veterano'

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São Paulo

O Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito nesta terça (5) para investigar o trote aplicado por veteranos do curso de medicina da Unifran (Universidade de Franca), no qual calouras tiveram que jurar “nunca recusar uma tentativa de coito de um veterano”.

O caso, ocorrido na segunda (4), é investigado pela Promotoria de Justiça de Franca, cidade a cerca de 400 km de São Paulo.

Durante o trote, as universitárias, ajoelhadas e com o corpo pintado, também foram coagidas a dizer que nunca entregariam o corpo "a nenhum invejoso, burro, brocha, filho da puta da odonto ou da Facef” e se submeteriam "totalmente à vontade dos meus veteranos".

O episódio foi criticado por grupos como o Conselho Municipal da Condição Feminina de Franca e a própria atlética da medicina da Unifran.

A subseção de Franca da Ordem dos Advogados do Brasil também se manifestou sobre o caso. Afirmou, em nota, que repudia “qualquer ato de violência física, moral ou psicológica” contra novos alunos e que pedirá às autoridades locais que investiguem “eventuais responsabilidades” relacionadas ao trote.

Após a repercussão do caso nas redes sociais, a associação atlética acadêmica do curso de medicina da Unifran afirmou que condena as atitudes discriminatórias e que medidas serão tomadas. “Reconhecemos o cunho ofensivo do discurso feito, o qual não possui autoria das entidades estudantis.”

Disse ainda que se propõe a “reformular o juramento” e pediu desculpas a "todos que se sentiram ofendidos".

Já a universidade informou que “os responsáveis pelos atos estão sendo identificados e serão penalizados”. As penalidades, previstas no regimento geral da instituição, vão de advertência até expulsão.

Casos semelhantes foram registrados nos últimos anos. Em 2014, calouras da Faculdade Cásper Líbero tiveram que simular sexo oral com bananas e pepinos na avenida Paulista, região central de São Paulo. Três anos antes, estudantes do curso de agronomia da Universidade de Brasília tiveram que lamber linguiças com leite condensado durante o juramento. 

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