Paralisação de ônibus afeta linhas da zona leste de São Paulo nesta sexta

Dona de veículos que pararam já teve extensão de contrato renegociada, segundo SPTrans

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São Paulo

Uma paralisação de ônibus afetou parte da zona leste de São Paulo na manhã desta sexta-feira (1º).

Segundo a SPTrans, autarquia da prefeitura responsável pelo transporte municipal, desde as 5h10 foram paralisadas linhas que atendem a região de Guaianases e Cidade Tiradentes. Ao todo foram 12 linhas prejudicadas, ​​dez delas com ponto final ou inicial no Terminal Guaianases, onde fica a estação de trem da linha 11-coral da CPTM.

Com os ônibus travando a saída do terminal, a paralisação causou transtornos no transporte de passageiros, e a SPTrans orientou a utilização de linhas com trajetos similares. Segundo a CPTM, a estação de trem teve lotação acima da média devido a escassez de alternativas para os passageiros.

A SPTrans afirmou que vai multar a Transunião, empresa que opera as linhas paralisadas. A empresa opera linhas locais, não estruturais, portanto a paralisação não afeta o trânsito da cidade de maneira mais grave. ​

A reportagem entrou em contato com a Transunião para saber os motivos da paralisação, mas não obteve retorno da empresa até a publicação deste texto. De acordo com a SPTrans, todas as empresas de ônibus de sistema local já estão com contratos emergenciais assinados e vigentes até junho.

A paralisação, portanto, não é referente a isso. Contatada ainda durante a manhã, a Transunião não havia respondido sobre os motivos até a publicação deste texto. À TV Globo, funcionários disseram ter parado devido a falta de pagamento de auxílio alimentação e atraso no pagamento do FGTS.

Desde 2013, a Prefeitura de São Paulo enfrenta dificuldades para a renovação dos contratos das empresas de ônibus da capital. As licitações foram suspensas seguidamente, e, desde então, sob pena de ter o serviço de transporte público interrompido, a prefeitura se vê obrigada a fechar com as empresas de ônibus ​​sucessivos contratos emergenciais, que invariavelmente têm de ser negociados acima do valor.

A gestão Bruno Covas (PSDB) negocia os novos contratos emergenciais com as empresas que já prestam esse serviço. Parte delas não aceita a renovação nos termos da prefeitura.

O município já desembolsou mais de R$ 42 bilhões com a prorrogação dos contratos de ônibus urbanos entre tarifas pagas por passageiros e subsídios. A última licitação foi suspensa em 23 de janeiro após dois pedidos, um deles de uma empresa fantasma.

prefeito Bruno Covas disse à Folha que a prefeitura tentará derrubar as decisões. "O atraso só prejudica a população". ​

Em meio a esse cenário, o governo federal cobra mais de R$ 6 bilhões de dívidas das empresas de ônibus paulistanos.


ENTENDA AS IDAS E VINDAS DA LICITAÇÃO DOS ÔNIBUS EM SÃO PAULO

2013 - Projeto A gestão Fernando Haddad (PT) iniciou os estudos para elaborar um edital para a nova concorrência das empresas de ônibus em SP

2015 - Publicação Como o edital só foi publicado em outubro, a prefeitura precisou prorrogar os contratos vigentes 3 vezes

Barrado TCM barrou o edital sob alegação de que deixava dúvidas acerca da remuneração do sistema e não permitia a competição de novas empresas

2016 - Liberação Em julho, TCM liberou o edital e fez diversas recomendações a serem adotadas. Haddad, que perdeu a disputa pela prefeitura, deixou para João Doria (PSDB) a responsabilidade de definir as novas regras dos ônibus na cidade

2018 - Novo edital Uma nova versão do edital só ficou pronta em abril de 2018. Dias antes do recebimento das propostas, porém, o texto voltou a ser questionado pelo TCM. Segundo o tribunal, o documento ainda tinha vícios apontados na gestão Haddad 

Prorrogação Bruno Covas (PSDB), que assume a prefeitura no lugar de Doria, tentou prorrogar, em julho, os contratos vigentes por um ano. Essa foi a sexta vez que isso aconteceu desde 2013. O TCM, contudo, considerou a prorrogação irregular. Covas então fez um contrato emergencial com as empresas, com vigência de seis meses

Mais uma vez TCM libera o edital em outubro. Em dezembro, prefeitura publica nova versão, mais cara

2019 - Outro bloqueio Justiça barra novamente a licitação, e prefeitura estuda novo contrato emergencial

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