Polícia indicia coordenadores de movimento por moradia pela tragédia no Paissandu

Prédio ocupado de forma irregular no centro de SP pegou fogo e desabou em maio de 2018

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São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo apontou três coordenadores de movimento social por moradia como responsáveis pelo incêndio e desabamento do prédio ocupado por sem-teto no largo do Paissandu, no centro de São Paulo, em maio do ano passado. A tragédia no Wilton Paes de Almeida deixou sete mortos.

O indiciamento por incêndio com agravante do evento morte consta no inquérito policial elaborado pelo 3º DP (Campos Elíseos), responsável pelas investigações, concluído em outubro do ano passado. 

Nireudes de Jesus Oliveira, Hamilton Coelho Resende e Ananias Pereira dos Santos, que fazem parte do movimento LMD (Luta por Moradia Digna), foram apontados como responsáveis pela administração do prédio e quem cobrava cerca de R$ 200 pela locação e taxa de limpeza do local.

Segundo a polícia, os três assumiram o risco de matar ao manter o "edifício de vidro", como era conhecido, com condições precárias de segurança, mesmo com a cobrança de aluguel

Em depoimento, os moradores dizem que o prédio não tinha extintores de incêndio. Também havia energia elétrica, mas sem que eles pagassem pelo serviço, e por diversas vezes houve curtos-circuitos devido à problemática fiação.

Um eletricista conta ter desistido de morar no local, após ver que, numa das paredes laterais, havia um deslocamento de fundação e, no subsolo, uma grande infiltração de água. 

Ocupado de forma irregular, o Wilton Paes de Almeida abrigava 146 famílias, com 372 pessoas.

Segundo o laudo pericial, incêndios como este são "previsíveis, ou seja, apresentam grandes chances de ocorrer caso não seja contemplado sistemas preventivos e efetivos de segurança".

Não ficou claro na investigação policial, no entanto, a causa exata do início do fogo, no quinto andar. A principal hipótese era de um curto-circuito, provocado por excesso de aparelhos ligados em uma tomada. Mas moradores também falam em uso de um combustível, ocasionando uma explosão. 

O prédio que desabou pertence à União, já foi sede da Polícia Federal, estava cedido à Prefeitura de São Paulo e se tornou alvo de seguidas invasões desde os anos 2000. Dos 24 andares, 10 estavam ocupados quando ele pegou fogo.

O incêndio também atingiu outros prédios do entorno —​cinco foram interditados. Entre eles a igreja evangélica luterana Martin Luther, que teve 80% da estrutura destruída.

Após a tragédia, moradores do edifício e pessoas atraídas por doações ocuparam o largo do Paissandu por cerca de dois meses. De acordo com a Prefeitura de São Paulo, 149 famílias foram cadastradas para receber o auxílio-moradia de R$ 400 mensais por um ano.  

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