Cinco anos depois, começa júri de réus do assassinato do menino Bernardo

Julgamento em Três Passos, no interior do Rio Grande do Sul, deve durar uma semana

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Porto Alegre

O júri dos quatro réus acusados pelo assassinato do menino Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, em Três Passos, no interior do Rio Grande do Sul, se inicia nesta segunda-feira (11).

Bernardo foi morto aos 11 anos, em abril de 2014. Ele recebeu uma dose letal de medicamento e foi enterrado em uma cova vertical. Sob o seu corpo foram jogadas soda cáustica e pedras. 

O julgamento ocorre cinco anos depois do crime. Bernardo foi morto em abril de 2014. A previsão é de que o julgamento dure uma semana. 

O pai de Bernardo, o médico Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz respondem pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e falsificação ideológica.

No primeiro dia de julgamento, duas delegadas foram interrogadas. Caroline Machado e Cristiane Moura relataram a situação de abandono em que vivia Bernardo, com roupas sujas de tamanho inadequado, sem refeições e trancado para fora de casa.

De acordo com as duas, o abandono de Bernardo também era afetivo. O menino chegou a procurar o juiz da cidade relatando que gostaria de mudar de família. A mãe de Bernardo, Odilaine, foi encontrada morta em 2010, na clínica de Leandro.

Elas ainda afirmaram que durante a investigação, ligações telefônicas de parentes dos réus, interceptadas pela polícia, mostraram que a estratégia da defesa seria inocentar Leandro para que ele bancasse financeiramente os demais durante o processo. 

O julgamento deve durar uma semana e tem transmissão ao vivo pela internet, por meio do Youtube. A transmissão chegou a reunir audiência de mais de 6.000 pessoas. 

Como se trata de um homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar, sete jurados fazem parte do conselho de sentença. Os jurados serão sorteados, entre 25 pessoas, no início do julgamento. Eles assistem ao julgamento e depois ficam reunidos na “sala secreta”, onde decidem a sentença. Os jurados responderão a diversas perguntas com “sim” e “não”.

Em 2015, quando os réus foram ouvidos pela primeira vez, Bernardo recebeu homenagens na cidade, com cartazes e distribuição de santinhos. A comunidade também protestou com carro de som que ampliava áudios de Bernardo pedindo socorro. Os áudios foram gravados pelo próprio pai e recuperados do seu celular. Para o julgamento, uma liminar proibiu o uso de caminhão e de caixas de som.

Na audiência anterior, o médico negou envolvimento com o crime e disse que filmava o garoto para provar sua agressividade. Ele também respondeu perguntas sobre sua ausência na primeira comunhão do garoto (ele era coroinha da igreja) e sobre por que o menino era proibido de entrar em casa.

Testemunhas relatam que o menino não podia entrar em casa, precisava fazer refeições em outras casas e chegou a procurar o Fórum em busca de ajuda. Sobre a receita do medicamento Midazolam, que foi usado para matar Bernardo, Boldrini afirmou que sua secretária, Andressa Wagner, tinha acesso ao receituário e que, algumas vezes, ele assinava receitas em branco para casos específicos solicitados por ela.

O julgamento contará com o depoimento de 18 testemunhas: 5 de acusação, 9 de defesa de Leandro e 4 de defesa de Graciele. Depois, começa o interrogatório dos réus. Acusação e defesa terão duas horas e meia cada para o debate posterior e duas horas para réplica e tréplica. 

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