Na noite de domingo, eu tinha duas amigas ilhadas em São Caetano. Uma delas já havia colocado uma criança em cima de geladeira, pois mora em casa térrea no bairro Mauá. Outra mora no bairro Fundação, em um sobrado, então ela foi para o andar de cima. Já vi muita enchente em São Caetano, mas jamais algo assim.
Para ajudá-las, fui até o posto de bombeiros Barcelona, que fica na avenida Goiás, a principal da cidade. Cheguei ao posto por volta de meia-noite. O que vi só me trouxe tristeza e angústia.
Tristeza pelas quantidade de famílias e amigos que tinham percebido que o telefone não dava mais conta e decidido fazer o mesmo que eu.
Angústia por ver que os recursos da cidade não pareciam suficientes para ajudar a quantidade de gente ilhada, precisando de socorro. Havia um bombeiro sozinho, tentando receber e auxiliar todos que apareciam.
Um rapaz chegou contando que a filha foi nadando até a Ford, que fica no final da avenida Goiás. Uma das minhas amigas foi resgatada de bote. A casa dela era a única na região que tinha gente ainda, e estavam sem luz.
O bombeiro me relatou que tinham apenas três botes. Esses botes estavam todos em funcionamento, mas ele não conseguia contato com a Defesa Civil. Então se virava com o que tinha de informação. O quartel principal de São Caetano, que fica na avenida Guido Liberti, também estava alagado.
Tem muita gente que perdeu geladeira, fogão, carros. As pessoas aqui estão se organizando para fazer doação.
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