'Fechamos a porta com um armário até o barulho de tiro passar', diz professor de escola atacada

Ao menos oito alunos e funcionários morreram; 'sentimento é de impotência', afirma

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

"A gente se sente impotente vendo colegas caindo sangrando sem poder fazer nada", diz o professor Paulo da Silva, 60, que estava na Escola Estadual Prof. Raul Brasil, em Suzano (Grande SP), no momento em que atiradores entraram no local e mataram ao menos oito pessoas.

Entre as vítimas estão cinco estudantes, duas funcionárias e o dono de uma locadora de carro próxima ao local. Os atiradores são ex-alunos da instituição —após o ataque, um deles matou o outro e depois se suicidou.

Os disparos foram feitos por volta de 9h30 desta quarta-feira (13), no intervalo entre as aulas. 

"Foi desesperador", lembra Silva, que atuava junto à coordenação pedagógica desde 2017 após um período afastado da rede estadual por depressão.

"Os alunos estavam indo para o pátio e eu, para a sala dos professores quando o barulho começou. Quando vi que era tiro, corri para a sala e gritei para todo mundo: 'entra, entra!'", relata. 

A essa altura, conta, ele já sabia que a coordenadora pedagógica Marilena Umezu, 59, sua parceira de trabalho, havia sido atingida.

"Fechamos a porta com um armário até o barulho de tiro passar, e eu fiquei na janela", lembra.

Ele conta que muitos alunos ligavam para a polícia, mas se desesperavam ao se deparar com um sistema eletrônico de resposta do telefonema. Oito minutos depois, porém, os policiais chegaram ao local.

"Quando vi a polícia chegando, saí para ver se podia ajudar, mas as vítimas já estavam em óbito", diz.

Segundo ele, muitos alunos estavam desesperados, haviam perdido o celular e não conseguiam ligar para casa. Em pânico, alguns não se lembravam do número de telefone de casa para avisar os pais de que do que tinha acontecido. 

"O sentimento de impotência é enorme", repete o professor.

A CRONOLOGIA DO ATENTADO​

1. Por volta de 9h30, dupla de homens jovens ataca dono de lava-jato próximo à escola a tiros —ferido, o homem depois é socorrido e levado para cirurgia ainda no fim da manhã

2. Os homens seguem até a escola, onde entram e atiram na coordenadora pedagógica, que morre

3. Eles atiram em uma segunda funcionária da escola, que também é morta

4. Os atiradores se encaminham para o pátio da escola. É hora do lanche e há apenas alunos do ensino médio

5. Os atiradores abrem fogo. Quatro adolescentes são mortos no local, e outros são feridos  

6. Atiradores se dirigem para o centro de línguas que funciona na escola, em outro andar. Lá, a professora e os alunos se trancam em uma sala 

7. Do lado de fora, um atirador mata o outro e depois se suicida

8. Polícia chega ao local oito minutos após ser chamada e examina o armamento encontrado com os criminosos. Há suspeita de que haja explosivos 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.