Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Moradores relatam tiros de cima de helicóptero no Complexo do Alemão, no Rio; veja vídeo

A comunidade da zona norte amanheceu com operações das polícias Civil e Militar

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Helicópteros da polícia fazem voos rasantes e tiros são ouvidos no Complexo do Alemão, no Rio
Helicópteros da polícia fazem voos rasantes e tiros são ouvidos no Complexo do Alemão, no Rio - Reprodução/Twitter
Rio de Janeiro e São Paulo

O Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, amanheceu nesta sexta (8) ao som de rasantes de helicópteros e intenso tiroteio durante operação policial. Segundo relatos de moradores, agentes deram rajadas de disparos de cima da aeronave, o que vai contra diretrizes da própria polícia.

Os tiros começaram por volta das 9h e até as 13h ainda podiam ser ouvidos em localidades conhecidas como Fazendinha e Adeus. Nas redes sociais, vídeos mostram dois helicópteros da Polícia Civil passando muito próximo das casas e o som de disparos.

De acordo com a corporação, equipes faziam uma operação na comunidade para apreender um caminhão que transportava duas toneladas de maconha quando foram recebidas a tiros.

A polícia informou que a droga, avaliada em cerca de R$ 4 milhões, vinha do Paraguai e foi interceptada pelos agentes a partir de uma investigação do Departamento Geral de Polícia Especializada. Não respondeu, porém, se os agentes atiraram dos helicópteros.

Já a Policia Militar afirmou que agentes da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Fazendinha faziam patrulhamento na comunidade quando foram alvo de criminosos armados. Disse também que não há informações sobre feridos.

Só neste ano houve ao menos outras duas operações policiais em favelas cariocas com o uso de helicópteros e relatos de moradores sobre rasantes e tiros vindos das aeronaves. 

Uma no Jacarezinho, também na zona norte, no dia 14 de janeiro, em que até PMs relataram tiros de um helicóptero da Polícia Civil ao lado de uma base da UPP Jacaré. Outra na Cidade de Deus, na zona oeste, no dia 22 de fevereiro, com descrições de moradores muito parecidas com as desta sexta-feira.

O uso de helicópteros para disparar rajadas vai contra uma normativa publicada em outubro pela extinta Secretaria de Segurança Publica do RJ, que determinava diretrizes para a atuação das polícias fluminenses durante operações.

A regra não impede que agentes disparem de helicópteros, mas estabelece que os tiros só sejam dados quando forem estritamente necessários para proteger outras vidas. Também ressalta que deve ser feito um disparo de cada vez, ficando proibido dar rajadas, e que essas investidas devem ser evitadas em locais populosos.

Foi uma ordem da Justiça que obrigou o estado, então sob intervenção federal na segurança, a apresentar um plano para reduzir os riscos e danos aos direitos humanos durante operações. 

A decisão veio após uma ação em que foram feitos disparos de helicóptero da polícia no Complexo da Maré, na zona norte, em junho de 2018. Ela acabou com sete mortos, sendo uma das vítimas o estudante Marcos Vinícius da Silva, 14, atingido por um tiro de fuzil vestindo o uniforme da escola

O novo governador do estado, Wilson Witzel (PSC), já defendeu o “abate de criminosos” portanto fuzis, independentemente das circunstâncias, inclusive com drones e atiradores de elite disparando de helicópteros —o que é considerado ilegal por parte dos juristas e especialistas em segurança.

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