Na mocidade, o hobby de Maria Aparecida era o piano. A menina, nascida em Promissão, no interior paulista, foi estudar num colégio de freiras na cidade vizinha, Assis, onde lhe despertou o interesse pelo estudo da língua portuguesa e da francesa.
Filha de comerciante e doméstica, ela ostentaria longa carreira acadêmica. Cursou letras em Bauru e, depois, já na capital, fez mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo —instituição em que começou a lecionar em 1972.
O pós-doutorado foi na Université Paris-Sorbonne, na França —país que admirava e visitava com frequência, junto ao marido, também da área de linguística e professor da USP, Cidmar.
Maria Aparecida “vivia dia e noite para o trabalho. Se dedicava muito às aulas. A gente falava ‘olha, você precisa descansar, ter mais lazer’, e ela não aceitava”, conta o irmão Nelson. A professora orientou 45 teses e dissertações.
Atuou principalmente nas áreas de terminologia, lexicologia e lexicografia. Não se furtava a dizer: “Fique tranquilo, que vou ajudar”.
Além dos alunos, acudia gatinhos de rua. Levava ração e água para os que viviam numa praça próxima a sua casa, na zona oeste. Quando mudou de bairro, passou a pagar um segurança do local para que mantivesse a rotina de cuidados. Em casa, Bebel, Paulinha e Mimi tinham total atenção da dona.
Mesmo depois de se aposentar, a professora seguiu marcando presença em congressos até sofrer um AVC (acidente vascular cerebral) há cinco anos. Ela morreu em 24 de fevereiro, no dia em que completou 79 anos, após uma infecção no pâncreas. Deixa dois irmãos, alunos e amigos.
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