Obra do Museu do Ipiranga, em SP, ganha três patrocinadores

EDP, Sabesp e Itaú darão, via Lei Rouanet, R$ 36 milhões para restauro, orçado em R$ 160 milhões

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São Paulo

O governo do estado anunciou nesta terça (26) os três primeiros patrocinadores das obras de restauro e ampliação do Museu Paulista, conhecido como Museu do Ipiranga.
 
A EDP, empresa portuguesa do setor energético, a Sabesp e o Itaú aportarão, juntas, R$ 36 milhões à recuperação do espaço, fechado ao público desde 2013, quando foi detectado risco iminente de queda do forro.
 
Os patrocinadores contribuirão com R$ 12 milhões cada um, via Lei Rouanet. Serão aportes de R$ 3 milhões ao ano até 2022, quando o museu deve ser reaberto, com as comemorações do Bicentenário da Independência.

Adicionalmente, o presidente da Sabesp, Benedito Braga, anunciou que vai despoluir o córrego Ipiranga, às margens do qual dom Pedro 1º proclamou a Independência.
 
Esse investimento, da ordem de R$ 4 milhões, será feito diretamente, sem lei de incentivo, pelo programa Córrego Limpo, parceria entre a empresa e a Prefeitura de São Paulo.

O anúncio foi feito no Palácio dos Bandeirantes, em evento destinado a apresentar o projeto a empresários que possam contribuir para as obras do museu, que têm valor estimado de R$ 160 milhões.

Para facilitar a captação e aplicação de recursos, o custo total foi dividido em três diferentes projetos inscritos na Lei Rouanet. O primeiro a ser aprovado permite a captação de R$ 50 milhões, dos quais fazem parte os R$ 36 milhões anunciados hoje. 

Além da Cota Ipiranga, como foram batizados os aportes de R$ 12 milhões, foi criada também a Cota Independência, de R$ 4 milhões. Também nesse caso, o valor é dividido em quatro contribuições, sempre no primeiro semestre de cada ano.

A EDP, que já financia o Museu da Língua Portuguesa, foi a primeira empresa a embarcar no projeto de restauro do Museu do Ipiranga. Em janeiro, foi anunciada sua participação, cujos termos foram formalizados no encontro desta terça.

O secretário Sá Leitão se mostrou confiante na captação dos recursos faltantes. "Na minha visão, vamos ter o problema oposto, de acomodar os interessados", disse, acrescentando que ao menos um outro investidor já manifestou interesse em participar do financiamento.

Miguel Setas, CEO da EDP Brasil, bem como antes o embaixador de Portugal, Jorge Cabral, comentaram no evento que poderia parecer estranho uma empresa portuguesa patrocinar o restauro de um museu que celebra a Independência do Brasil.

"Aos amigos brasileiros, peço que nos deixem ter um pouco de orgulho pelo que o Brasil é hoje", disse Setas.

Do total, R$ 120 milhões serão para a obra em si, que triplicará o espaço expositivo.

O projeto foi apresentado aos participantes pelo arquiteto Pablo Herreñú, do escritório HF, vencedor do concurso realizado em 2017 para o restauro.

Será criado um novo acesso, subterrâneo, que se conectará ao saguão original por escadas rolantes e elevador. 
 
Nessa área de acolhida, que se conecta diretamente por portas e janelas ao Parque da Independência, haverá também café, loja e um auditório. 

Essa parte será a executada com os R$ 50 milhões a serem captados na primeira etapa.
 
Além disso, o sótão do museu, que era usado como reserva técnica, se tornará área de exposição.
 
A partir dele, o público poderá acessar um mirante, a ser criado na cobertura do prédio.
 
O restante da soma cobrirá o restauro dos jardins e fontes do parque da Independência, que originalmente não estava previsto no projeto, e a exposição da reinauguração, sobre o Bicentenário.
 
Presente ao encontro, José Paulo Soares Martins, secretário-adjunto de Cultura do Ministério da Cidadania, disse que a pasta estuda aportes diretos via Fundo Nacional de Cultura.
 
O secretário estadual de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão, frisou no evento que um conselho, do qual participarão representantes dos patrocinadores, do governo e da USP —responsável pelo Museu Paulista—, fará a gestão dos recursos captados para a obra.
 
Sá Leitão disse também que um “endowment” está sendo concebido para a manutenção do museu, que espera passar a receber 900 mil visitantes ao ano —antes eram cerca de 300 mil.
 
Ele disse que será enfatizada a adoção de uma nova forma de gestão da instituição, que pode ser por OS ou por uma fundação, como a própria Fusp (Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo).
 
O Museu Paulista é um museu universitário, voltado à pesquisa histórica, com acervo de cerca de 450 mil itens, entre pinturas, objetos arquivos e biblioteca de obras raras.
 
Ao longo dos anos de fechamento, o acervo tem sido retirado para outros prédios, onde pesquisadores continuam tendo acesso às coleções.
 
Até o momento, R$ 35 milhões foram investidos pelo governo do estado para retirada e catalogação e salvaguarda do acervo e do prédio, à espera do início da obra.
 
A tela “Independência ou Morte”, de 1888, símbolo maior da instituição, não será retirada. Por suas dimensões monumentais, recebeu proteção e espera os visitantes do novo espaço.

"Independencia ou Morte", tela de Pedro Américo, no Museu do Ipiranga
"Independência ou Morte", tela de Pedro Américo, no Museu do Ipiranga - Diego Padgurschi/Folhapress
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