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Operação da PF prende 6 suspeitos de explorar transexuais em Ribeirão Preto

Vítimas sofriam punições que iam de castigos físicos a multas e confisco de pertences

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Ribeirão Preto

Dez mandados de prisão preventiva estão sendo cumpridos nesta quarta-feira (13) numa operação que apura um esquema de exploração sexual de transexuais em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo). 

As vítimas eram, conforme a Polícia Federal, o MPT (Ministério Público do Trabalho) e o MPF (Ministério Público Federal), encaminhadas à cidade do interior paulista para se prostituírem, com a promessa de que teriam os corpos transformados e receberiam hospedagem e alimentação. Mas se endividavam com os aliciadores e sofriam castigos, multas e eram até mortas, de acordo com a operação.

Quarto onde viviam as transexuais vítimas de exploração sexual em Ribeirão Preto (SP)
Quarto onde viviam as transexuais vítimas de exploração sexual em Ribeirão Preto (SP) - Divulgação/PF

A maioria era das regiões Norte e Nordeste do país. Um dos dez alvos de mandados de prisão da operação Cinderela já estava preso devido a outro processo e é investigado pelo desaparecimento de três transexuais –uma delas adolescente–, além de dois homicídios.  Além dos seis presos, outras quatro pessoas tinham mandado de prisão preventiva, mas não foram encontradas e são consideradas foragidas.

Há registros de homicídios, suicídios –em virtude da pressão que sofriam—e também de desaparecimentos. Uma jovem transexual do interior do Pará se mudou para Ribeirão Preto no ano de 2016 e a família nunca mais teve contato.

Ao chegar a Ribeirão Preto em busca de uma vida melhor, as transexuais iniciavam a atividade já cheias de dívidas. Os valores pagos pelas passagens e os gastos de viagem, adiantados pelos investigados alvo da operação, eram cobrados posteriormente das vítimas. 

Na cidade, além de serem exploradas sexualmente e empregadas no mercado do sexo, eram obrigadas a consumir drogas. Cada uma atuava numa região da cidade, definida pelos aliciadores. Com a dependência econômica desses aliciadores, as vítimas passavam a sofrer a transformação do corpo, com a aplicação de silicone industrial e a realização de procedimentos cirúrgicos ilegais. Isso fazia com que a dívida não parasse de crescer. 

Quem não pagasse com a prostituição os valores devidos ou desrespeitasse as regras do local em que estava era julgada numa espécie de “tribunal do crime”, segundo o MPT, e sofria punições que iam de castigos físicos a multas e confisco de pertences.

Há, ainda conforme o órgão, registro de castigos físicos com pedaços de madeira com pregos e homicídios devido às dívidas, além de suicídio. A ação que resultou na operação teve início quando duas das vítimas conseguiram fugir dos locais em que eram exploradas e fizeram a denúncia. 

Além dos 10 mandados de prisão, foram cumpridos outros 18 de busca e apreensão, determinados pela 5ª Vara Federal de Ribeirão Preto. No total, 90 agentes da PF estão nas ruas na manhã desta quarta. Os presos responderão por tráfico de pessoas, redução à condição análoga à de escravo, exercício ilegal da medicina, rufianismo (quando uma pessoa lucra através da exploração de prostituição alheia) e organização criminosa. 

Se condenados, as penas podem ultrapassar 34 anos de prisão. A operação ocorreu em diversas regiões da cidade, como nos bairros Salgado Filho e Quintino Facci 1, na zona norte –ponto mais frequente de prostituição em Ribeirão, 24 horas por dia.

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