Faltam leitos, médicos e remédios no Emílio Ribas, em SP, dizem funcionários

Servidores protestaram nesta quarta (17) em frente ao hospital; direção nega crise e diz que atendimento não foi afetado

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São Paulo

Médicos e funcionários do Instituto Emilio Ribas protestaram na manhã desta quarta-feira (17) contra o que chamam de sucateamento do hospital especializado em doenças infecciosas.

Em meio às queixas, a gestão do governador João Doria (PSDB) admite pela primeira vez que tem planos de referenciar o pronto-socorro do hospital, na capital paulista.

A medida diminuiria a pressão sobre o atendimento de emergência, que hoje funciona no esquema portas abertas e atende demandas espontâneas do público. Segundo a direção, a maior parte dos casos do PS é de doenças simples, fora do escopo especializado do hospital.

Há denúncias de falta de médicos, medicamentos e insumos para a realização de exames. Uma obra que prevê a ampliação do hospital se arrasta desde 2014 e também é levantada entre os problemas.

A reforma, que deveria ter sido finalizada há dois anos, levou ao fechamento de metade dos leitos. Há previsão de que seja concluída em 2022. 

De acordo com o diretor do instituto, Luiz Carlos Pereira Júnior, de 199 vagas de internação, ao menos 98 estão fechadas desde o início de 2015, quando as obras começaram.

"Ao longo do tempo a gente viu o Brasil não crescer o que impactou o recurso no repasse para a reforma. Tivemos um retardo na execução", disse o diretor a respeito da obra, orçada em R$ 190 milhões. 

Apesar do fechamento de leitos, diz o diretor, "nenhum paciente deixou de ser atendido". Quando não há vagas de internação, pacientes são transferidos para os hospitais das Clínicas, vizinho do Emílio Ribas, ou o de Heliópolis, este a 15 km de distância dali. 

Outra reclamação recorrente é em relação à falta de funcionários. "Há leitos não ocupados por falta de vagas na enfermagem", diz o presidente do sindicato.

A preocupação é com como a equipe já deficitária conseguirá atender o maior número de leitos previstos após o fim das obras. Segundo o diretor do instituto, o atual quadro de médicos e funcionários é suficiente para o funcionamento do hospital. 

Com o piso repleto de falhas, cobertas com papelão, o pronto-socorro é uma das piores áreas do hospital, de acordo com funcionários. "É a primeira imagem que o paciente tem do hospital quando chega. Nós, médicos, temos que atender lá mesmo", diz Eder Gatti, presidente do Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo). 

Segundo o diretor do Emilio Ribas, novo pronto-socorro será inaugurado em até 15 dias no andar onde hoje funciona a enfermaria.

Pereira Júnior afirma que o pronto-socorro pode deixar de atender demandas espontâneas da população a partir do segundo semestre e passe a receber apenas pacientes encaminhados de postos de saúde, AMAs e outros hospitais.

"Mais de 90% dos nossos atendimentos poderiam ter sido resolvidos perto da casa do paciente", diz. "Com a reforma, vamos diminuir os leitos de enfermaria para aumentar leitos de UTI, já que somos um hospital de alta complexidade em doenças infecciosas", completa. 

A parte laboratorial, importante no diagnóstico de doenças complexas, também funciona de forma precária, segundo funcionários. Há relatos de falta de insumos e equipamentos para a realização dos exames.

Das três vagas de patologistas, apenas uma está preenchida, de acordo com o médico Gatti. "Ficamos dois anos com o tomógrafo quebrado", diz ele. 

O novo laboratório, diz o diretor do instituto, está incluído na parte da reforma que teve que ser postergada. A retomada das obras deve ser iniciada a partir de setembro, quando nova licitação irá contratar a empresa responsável. Até lá o laboratório irá continuar funcionando em uma "área transitória", segundo o diretor. 

Ele também afirma que o quadro de patologistas no instituto está quase completo; há dois contratados e a terceira vaga deve ser preenchida em breve. 

Referência no país no tratamento de doenças infecciosas, o Instituto Emílio Ribas forma cerca de 20 médicos infectologistas por ano por meio de residências médicas.

É para lá que são encaminhados pacientes infectados em surtos virais, como ocorreu em 2016 com a gripe H1N1. Tratamentos para malária, leptospirose, hepatite B e para portadores do vírus HIV também são realizados no hospital. 

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