Durante a maior parte de seus 82 anos, Cecilia Thompson passeou entre as artes cênicas e o jornalismo, mas era no dia a dia agitado nas redações onde preferia estar.
Trabalhou por 34 anos no jornal O Estado de S. Paulo, até 2009, quando passou a acompanhar a distância o assunto que mais gostava de cobrir: o sistema previdenciário.
Diante das discussões em torno da reforma previdenciária no país, o filho Paulo Guarnieri conta que ela era favorável à mudança, mas acompanhada de atualizações tributárias na esperança de reduzir a desigualdade econômica no país.
Afastada do jornalismo, Cecilia não se adaptou à própria aposentadoria e costumava fazer traduções em casa para um canal a cabo. “Ela queria voltar a trabalhar e não gostou da brincadeira [de ficar em casa]. Estava com quase 80 anos. Foi ativa até o fim.”
A morte do primogênito, o ator Flavio Guarnieri, há cerca de três anos, lhe causou impacto emocional tão profundo que afetou sua saúde. Paulo conta que a partir disso ela desenvolveu displasia maligna severa, doença que viria a tirar sua vida no último dia 18. Os dois filhos são fruto de seu casamento com o ator Gianfrancesco Guarnieri, que morreu em 2006.
No fim do ano passado, usou sua página em uma rede social, em que era bastante ativa, para avisar que havia criado um nome particular para a doença que comprometia sua mobilidade: distopia malévola.
Apesar de preferir se comunicar por emails e postar na rede social, Cecilia era avessa a aparelhos de celular e nunca teve um, mesmo diante da insistência dos filhos.
Como atriz, participou do filme ‘O Grande Momento’, de 1958, e de espetáculos do teatro Arena e Oficina.
Cecilia deixa um filho, quatro netos, uma irmã e quatro sobrinhos.
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