Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Morre catador fuzilado pelo Exército no Rio

Na ação, militares dispararam 80 tiros contra carro de família e mataram músico

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Rio de Janeiro e São Paulo

O catador de material reciclável Luciano Moraes morreu na madrugada desta quinta-feira (18), após 11 dias internado no Hospital Carlos Chagas, em razão dos tiros disparados por militares do Exército na zona oeste do Rio de Janeiro.

Moraes é a segunda vítima fatal da ação dos militares em Guadalupe. O músico Evaldo Santos Rosa morreu no local após ser atingido.

O catador foi atingido ao tentar salvar a família que estava dentro do carro fuzilado. O veículo levava cinco pessoas, entre elas uma criança de sete anos. Era uma família a caminho de um chá de bebê numa tarde de domingo.

O sogro de Evaldo, Sérgio de Araújo, foi ferido e segue internado no Hospital Albert Schweitzer. A mulher, o filho e uma amiga do músico não se feriram.

Nove militares estão presos preventivamente em razão da ocorrência.

Inicialmente, o Exército afirmou que disparou contra um veículo roubado cujo ocupantes dispararam contra a patrulha. Apenas no fim de domingo foi informado a abertura de uma investigação.
 

A apuração do caso está sob responsabilidade do Exército, em razão de uma lei sancionada pelo ex-presidente Michel Temer que transferiu para a Justiça Militar a competência sobre crimes dolosos contra a vida cometidos por militares contra civis.

Em nota, o CML (Comando Militar do Leste) afirmou que "não comenta investigação em andamento". A investigação tem como objetivo identificar a participação dos militares que dispararam contra o carro. Estão sob análise, por exemplo, a quantidade de tiros disparados por cada um.

A partir dessas informações, o Ministério Público Militar poderá individualizar as condutas dos acusados em uma eventual denúncia contra os suspeitos. O promotor Luciano Gorrilhas disse na semana passada que viu potencial para que os militares sejam denunciados por homicídio doloso e tentativa do mesmo crime contra os outros ocupantes do carro que sobreviveram.

O defensor dos militares, o advogado Paulo Henrique Pinto de Mello, acusou o promotor de querer "subverter os fatos". Ele recorre pela liberdade dos nove presos. 

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse em entrevista à rádio CBN que não solicitou ao Exército que fizesse patrulha nas ruas do estado. "Blitz do Exército não é feita a pedido meu. Não pedi GLO [Garantia da Lei e da Ordem], não pedi apoio", disse o governador.

Segundo o CML, a equipe realizava um patrulhamento regular no perímetro de segurança da Vila Militar, que fica próxima ao bairro onde ocorreu o assassinato.

O comandante militar do Sudeste, general Luiz Eduardo Ramos, que é responsável pelas tropas de São Paulo, disse na capital paulista que a morte do catador Luciano Macedo é "uma tristeza enorme", mas que não se deve falar em assassinato.

Ele disse que será dada uma resposta ao que aconteceu e que estão sendo feitas as devidas investigações.

"Intervenção federal de quase um ano [no Rio], sucesso absoluto. Houve uma fatalidade. O pessoal tem colocado assassinato, não é. Os soldados que estavam em missão na parte da manhã tinham sido emboscados. Quem como eu já esteve em uma situação dessas, de tensão, difícil, a gente para julgar o que aconteceu tem que esperar as investigações." ​

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