Um professor bem-humorado, inspirador e humilde. Esses foram alguns dos adjetivos usados por ex-alunos e colegas para descrever o engenheiro Claude Machline, um dos fundadores da Escola de Administração de Empresas da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Nascido no Rio de Janeiro em 1922, passou a maior parte da infância em Paris. A mãe era francesa e o pai, ucraniano. Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial (1939-45), a família retornou para o Brasil.
Autodidata, aprendeu português na viagem de navio para a América, lendo livros. Já sabia alemão, por causa de uma babá, e francês. Mais tarde, aprendeu a falar inglês.
Formou-se engenheiro químico pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e fez mestrado e doutorado nas universidades americanas Michigan State e Stanford.
O senso de humor era sua marca registrada. Era tão brincalhão que incentivou a única filha, Vera Cecília, a se dedicar a estudos sobre o riso —formada em letras, desenvolveu trabalhos sobre teoria do humor. Ele dizia que o riso era “um dos assuntos mais complexos que existem”.
Era espontâneo, mas metódico, e um ótimo detector de erros, diz a filha. Fazia questão de corrigir cada vírgula e acento errado em trabalhos de alunos. Também era rigoroso com horários.
Adorava cinema, literatura francesa, álcool gel, mostarda e arroz doce. Viajava sempre que podia com a filha. Conheceram Turquia, Grécia, Itália, Áustria, EUA.
Já nos últimos dias de vida brincava que tinha uma doença intratável: a velhice. Morreu em 27 de fevereiro, aos 96 anos, em São Paulo, de uma falência cardíaca. Foi enterrado com o relógio de estimação.
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