Com pouco mais de 20 anos, Gilberto foi convocado para jogar em um campeonato mundial pela seleção brasileira de vôlei. O levantador, contudo, sofreu uma fratura no punho, que não recebeu os cuidados necessários, e não pôde ir.
A frustração serviu de combustível para que o rapaz decidisse estudar medicina. O objetivo era se tornar ortopedista e ajudar outros atletas. Tornou-se um dos precursores da medicina esportiva no Brasil. E se consolidou como um dos maiores nomes da área no país.
Giba, como era chamado, foi chefe do Grupo de Medicina do Esporte do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, acompanhou o Comitê Olímpico Brasileiro em três Olimpíadas (1984, 1988 e 1992), treinou seleções de vôlei do Esporte Clube Pinheiros e reestruturou o centro de treinamento do São Paulo, seu time do coração.
O trabalho com atletas mulheres deixava a companheira, Maria Luiza, cheia de ciúmes. Quando se casaram, depois da graduação de Gilberto, ele preferiu se dedicar apenas aos times masculinos.
O ortopedista vivia para a profissão, que o aproximou de atletas como Oscar Schmidt e Marcelo Negrão.
Saía de casa às 6h e só voltava depois das 21h, todos os dias, conta a filha Simone. Em sua clínica, no Ibirapuera, chegava a atender dezenas de pessoas a cada tarde. A saudação “Oi, tudo bem? Veio a pé ou de trem?” era clássica na entrada.
Mas também adorava fugir com a família para a praia Domingos Dias, em Ubatuba, onde tinha casa. Era tido como um pai rígido, mas muito amoroso. O lado bonachão aflorou com o nascimento dos netos.
Gilberto parou de trabalhar em 4 de dezembro, após mais de 30 anos na clínica, que foi fechada em fevereiro. Morreu em 1° de março, em decorrência de uma parada cardíaca que o deixou em coma por um mês. Deixa a esposa, três filhos e quatro netos.
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