Descrição de chapéu Obituário Lulu Landwehr (1925 - 2019)

Mortes: Sobrevivente de Auschwitz teve três nomes diferentes

Lulu transformou suas memórias no livro autobiográfico 'E Pilatos Lavou as Mãos'

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São Paulo

Ao longo da vida, Lulu Landwehr teve três nomes. Nasceu Gabriela Weiss, em 1925, na Romênia. Teve uma infância pobre e só frequentou a escola até a 4ª série, porque judeus não podiam estudar além dessa etapa, conta a filha Vivienne, 66.

Em 1944, aos 19 anos, foi enviada para Auschwitz. Segundo Vivienne, Lulu teve sorte de ficar junto com a irmã e no mesmo barracão da esposa e da filha de um médico judeu que trabalhava com Josef Mengele, que fazia experimentos humanos em prisioneiros. 

Lulu Landwehr no sanatório onde se tratou de tuberculose, em 1949
Lulu Landwehr no sanatório onde se tratou de tuberculose, em 1949 - Arquivo pessoal

O médico judeu descobriu que seus parentes iriam para a câmara de gás e conseguiu que o barracão inteiro fosse levado para trabalhar em uma fábrica. Assim Lulu saiu de Auschwitz e sobreviveu. Os familiares que estavam presos no local, seus pais e duas irmãs, morreram.

Após a guerra, Lulu conheceu Bazu Dan Landwehr, mas ela não tinha documentos para se casar. “Meu pai foi até a Alemanha e comprou os papéis. Ela ficou com o nome de alguém que provavelmente já tinha morrido: Ida Rosemberg”, diz Vivienne.

Nessa época, Lulu teve tuberculose e precisou ficar em um sanatório. Enquanto isso, o marido foi para Argentina, fugindo da ocupação russa.

Quando se curou, Lulu veio à América do Sul encontrá-lo. O casal se estabeleceu em Brasília, onde ele abriu uma loja de móveis. Prosperaram, tiveram dois filhos e dois netos. 

No Brasil, era conhecida como Lulu Landwehr. “Ela não gostava de Ida Rosemberg, não era ela”, diz Vivienne. Lulu era o apelido que ela mesma se deu quando criança, porque ainda não sabia falar 
Gabriela. “Esse nome ficou com ela a vida toda.” 

Lulu enfrentou ainda um câncer e a morte do marido, em 1981. Cerca de 50 anos depois de Auschwitz, Lulu transformou suas memórias no livro autobiográfico “E Pilatos Lavou as Mãos”, que ela considerava “um presente para os netos”.

“Depois disso declarou que já podia morrer, mas ainda ficou mais um pouquinho”, diz a filha. Morreu em 7 de abril, aos 93 anos, de falência renal.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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