Antigos telecentros de SP começam a dar lugar a laboratórios digitais

Quatro unidades foram repaginadas e passam a ter espaço de trabalho, reuniões e empreendedorismo

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São Paulo

Os 133 espaços públicos municipais de São Paulo voltados a dar acesso ao mundo virtual à população começaram a passar por um remodelamento tanto de sua estrutura, que está ganhando internet super-rápida, como em sua finalidade, que passa a assumir novos e mais modernos papéis sociais.

Os antigos telecentros, criados em 2001, estão obsoletos e com computadores desatualizados. Agora, estão dando lugar a laboratórios digitais com notebooks, espaços para reuniões, coworking, orientação para o mercado de trabalho e empreendedorismo, além de encaminhamento para outros aparelhos públicos.

Os novos serviços seguem oferecendo cursos de formação tecnológica e navegação livre na rede mundial de computadores para fins de entretenimento e comunicação.

Quatro unidades já estão prontas e em funcionamento: Sociedade Amigos da Vila Constança, na zona norte, Descomplica São Paulo, na zona sul, biblioteca Affonso Taunnay, zona leste, e CEU Uirapuru, na zona oeste.

A Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia, responsável pelas mudanças, monitora o uso dos espaços para saber se serão necessários ajustes e também para nortear as reformas nas outras 129 unidades restantes.

“Cada laboratório piloto atende a um público diferente: um atende mais a crianças e jovens, outro aos idosos, outro às pessoas em situação de rua. A ideia é trabalhar a demanda necessária em cada região, em conjunto com a oferta do coworking, da inclusão digital, do empreendedorismo”, afirma Daniel Annenberg, secretário municipal de Inovação e Tecnologia.

A Folha visitou a unidade da zona leste, na Mooca, que é gerida em parceria com o Instituto Tecnológico Inovação, que incrementou o espaço com fones de ouvido, armários, teclados de mais fácil manuseio para pessoas com deficiência, telão interativo e material descartável de higiene para uso dos equipamentos.

Com 120 usuários por dia, o local, inaugurado há 20 dias, estava lotado —a maioria dos usuários eram pessoas que vivem nas ruas— e já tem uma  agenda de cursos de capacitação tecnológica preenchida.

“Além de oferecer a estrutura para trabalho, pesquisa, reuniões, atuamos também em demandas sociais dos usuários, dando orientações e fazendo encaminhamentos diversos como tirar documentos, programas de saúde e até abertura de empresas”, afirma Maria da Conceição Monteiro, coordenador da unidade.

Os laboratórios foram desenhados com mobiliário que pode ser ajustado, criando mais espaço para palestras, trabalhos em grupo e orientação de monitores.

Na visão dos usuários, a melhoria da velocidade de conexão com a internet, agora super-rápida, foi um dos principais ganhos da modernização. A lentidão de navegação era reclamação antiga e ainda persiste nos telecentros não repaginados.

“Venho aqui para falar com minha família, que está no Rio, e também para ver vídeos. Antes a gente perdia a paciência esperando carregar uma página, agora está rapidinho”, diz Ana Kaline, 21, estudante.

O investimento inicial da prefeitura foi de cerca de R$ 100 mil por unidade, sendo que duas delas foram bancadas por parceiros. 

Ainda não há estimativa de quando os outros 129 telecentros serão modernizados, mas seis devem ser reformados no segundo semestre.

“Vamos enfrentar a situação dos telecentros, que não é boa, eles estão obsoletos, mas ainda são muito usados, com cerca de 350 mil visitantes por ano. Vamos divulgar os novos laboratórios e buscar parceiros. Gradativamente, vamos melhorando o atendimento”, declarou o secretário.

Para fazer uso dos novos laboratório, o cidadão precisa fazer um cadastro e apresentar algum documento pessoal. O tempo de navegação ou de exploração do espaço depende da demanda. Em breve, será possível fazer agendamento para o uso por meio de uma plataforma eletrônica.

Segundo Daniel, “embora se pense que todo o mundo hoje tem acesso à internet, muita gente, sobretudo nas regiões periféricas, não consegue pagar um plano de dados para se conectar ou não sabe lidar com tecnologia. Esses laboratórios ainda são muito importantes como espaço de inclusão digital e como meio de diminuir desigualdades”.

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