Bancos de leite materno sofrem com falta de doações no país

Ministério da Saúde deve lançar campanha nesta semana para incentivar lactantes

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Giovanna Balogh
São Paulo

Apesar de salvar vida de bebês prematuros diariamente nas UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) de todo o país, o leite materno nem sempre tem estoque de doações suficiente para a demanda.  

Nos meses de inverno e de férias escolares, a oferta costuma ser ainda menor e os bancos de leite ficam no limite.

No Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), no Rio, o primeiro trimestre deste ano teve queda de até 62% nas doações em comparação com o mesmo período de 2018.

De janeiro a março do ano passado, foram coletados 780,4 litros. E nos primeiros três meses de 2019, apenas 485,4 litros. O número de doadoras também caiu, passando de 600 para 478. 

O estado de São Paulo é o que conta com a maior rede de banco de leite, com cerca de 60 unidades. 

No Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, por exemplo, são 160 doadoras cadastradas neste ano que, até abril, ofereceram 468 litros de leite humano. Em todo o ano de 2018 foram cadastradas mais de 530 doadoras que disponibilizaram 1,3 mil de litros de leite, segundo dados do hospital localizado no bairro do Belém, na zona leste paulistana. 

Para incentivar as lactantes, o Ministério da Saúde deve lançar nesta semana uma campanha. Em 19 de maio é celebrado O Dia Nacional de Doação de Leite Materno.

Maria Carolina, mãe de Maria Júlia, doa 750 ml de leite por semana
Maria Carolina, mãe de Maria Júlia, doa 750 ml de leite por semana - Karime Xavier - 09.mai.2019 /Folhapress

Toda mãe saudável que amamenta e tem leite excedente pode doar. “Poucos mililitros podem salvar vidas de bebês prematuros que estão internados e não podem ser alimentados pelas suas mães”, explica a consultora de amamentação Tatiana Vargas, do Instituto Mame Bem, que organiza para o próximo mês um congresso onde serão tratados este e outros temas sobre a saúde materno infantil .

“Ao receber o leite materno pela sonda ou pelo copinho, é possível encurtar o tempo de permanência do bebê na UTI.”

Vargas explica que um litro de leite pode alimentar até dez bebês. A empresária Maria Carolina Mondroni Tiépolo, 36, por exemplo, ajuda vários bebês internados na UTI sem nem conhecer quem são esses prematuros ou suas mães. Toda semana ela envia 750 ml de leite materno para o banco de leite de um hospital em Suzano, na Grande São Paulo.

“Sempre que amamento minha filha em um peito, sinto o outro vazar bastante. Descobri que era possível ser uma doadora ao ver um cartaz em um posto de saúde. Fiz um estoque, mas não era usado”, comenta a empresária que é mãe de Bernardo, 4, e de Maria Júlia, de 2 meses. “Não é sacrifício nenhum. O leite vem ser retirado toda semana na minha casa e eles trazem os vidros também”, diz.

Vargas diz que os bancos de leite humano do Brasil, que são referência mundial, também têm falta de vidros para as doadoras armazenarem o leite.  

“A doação de leite materno é a única forma de mães que amamentam poderem ajudar na nutrição de outros bebês porque dessa maneira o leite é tratado [pasteurizado] e pode salvar a vida de outras crianças”, afirma.

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