Briga com pastor de igreja pode ter motivado ataque a tiros em Paracatu (MG)

Homem matou a namorada e três membros da igreja batista que frequentava

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Belo Horizonte

O afastamento de um posto de liderança na igreja batista Shalom e divergências com um pastor teriam motivado o ataque a tiros em Paracatu (MG), ocorrido na noite desta terça-feira (21). Quatro pessoas foram mortas —três mulheres e um homem. 

A primeira vítima de Rudson Aragão Guimarães, 39, foi a namorada, Heloísa Vieira Andrade, 59, com quem ele vivia um relacionamento de idas e vindas havia cerca de um ano e meio. O crime, cometido com um canivete, ocorreu na casa da irmã dele.

Em seguida, ele se dirigiu à igreja que os dois frequentavam, onde chamou o pastor Evandro Rama. Como o religioso conseguiu fugir, o homem ameaçou matar as cerca de 20 pessoas que participavam de uma reunião no local caso ele não voltasse. 

Passados alguns minutos, ele atirou contra o pai do pastor, Antônio Rama, 67, e contra Rosângela Albernaz, 50. Quando a Polícia Militar, que fazia ronda na região e ouviu os tiros, chegou ao local, o atirador tinha Marilene Marins de Melo Neves, 52, como refém. Ele disparou contra ela antes de negociar. 

O atirador foi atingido por um tiro próximo à clavícula e derrubado pelos policiais. Ele ainda tinha seis munições, segundo a Polícia Militar. Ele foi submetido a uma cirurgia e segue internado. As vítimas foram socorridas, mas chegaram ao hospital em estado grave e morreram. 

A Polícia Civil colheu depoimentos durante toda a quarta-feira (22). De acordo com a delegada responsável pelo caso, Thays Regina Silva, a motivação do crime está relacionada a um sentimento de rejeição que o homem sentia por parte da comunidade da igreja. 

Por causa do relacionamento conturbado entre ele e Heloísa, o pastor o tirou de um posto de liderança e de grupos de mensagens entre os membros. A partir disso, ficou agressivo, passou a dirigir ofensas ao pastor e a enviar mensagens a outros fiéis. As mensagens fizeram com que as pessoas se afastassem dele por medo. 

“As investigações ainda estão no início. Essa questão acerca da motivação é o ponto crucial a ser sanado e é o que pode mudar. Mas, a princípio a gente caminha nesse sentido, é a versão mais forte”, afirma a delegada.

O relacionamento com Heloísa, de acordo com as apurações até o momento, era instável. Tinham idas e vindas e seguiam em contato mesmo quando estavam separados. A família dele não soube dizer quando foi o último rompimento. Em depoimentos, testemunhas relataram que o atirador tinha comportamento forte e era grosseiro com a namorada. 

A polícia não encontrou registros de agressões ou violência entre eles. O casal frequentava junto a igreja, da qual ele era membro havia mais de dez anos.

A delegada também desmentiu os rumores de que ele seria ex-militar das Forças Armadas. Segundo ela, ele tem certificado de reservista apenas. A arma usada no crime —uma garrucha calibre 36— não tem registro. A polícia ainda investiga como ele a adquiriu.

Nos próximos dias, a delegada fará pedido para ouvi-lo, dependendo da evolução de seu quadro de saúde. Nesta quarta, a informação era de que ele estava em estado estável. 

O pastor Evandro, que sofreu uma fratura no pé, ao tentar fugir do atirador, também segue internado. As três vítimas de dentro da igreja foram enterradas na tarde desta quarta em Paracatu. Heloísa foi levada a Uberlândia. 

Saiba quem eram as vítimas do ataque em Paracatu


Heloisa Vieira Andrade, 59 anos

Morava havia cerca de dois anos em Paracatu. A Folha entrou em contato com uma sobrinha, que disse que a família prefere não se manifestar. Ela não soube dar mais detalhes sobre o relacionamento da tia com o atirador.

Engenheira de alimentos, Heloísa trabalhava como coach atualmente. Nas redes sociais, em uma postagem no dia das mães, ela fez uma declaração citando os dois filhos: Marcela e Eduardo. 

Pessoas ouvidas pela Polícia Civil, dizem que ela era bastante atuante na igreja, mas muito reservada e séria. Heloísa foi levada para ser sepultada em sua cidade natal, Uberlândia. 

Antônio Rama, 67

Antônio era pai do pastor Evandro Rama, o alvo principal do atirador, segundo a polícia. Aposentado, ele se curou de um câncer no ano passado. 

Junto com a esposa, Maria Aparecida, começou a frequentar a igreja batista Shalom depois que o filho se converteu. Era uma pessoa calma e sorridente. Deixou a mulher, três filhos, netos e netas. 

Rosangela Albernaz, 50 

Rosângela era dona de uma lanchonete na cidade. Séria, muito trabalhadora e espontânea, segundo um amigo da igreja. Ela deixou o marido, Daniel, e duas filhas. 

O marido também estava na igreja no momento do ataque. Ele conseguiu fugir e tentou chamar ajuda. Ela foi a segunda pessoa a ser alvejada pelo atirador.

Marilene Marins de Melo Neves, 52

Marilene trabalhava como cantineira em uma escola e em uma creche. Ela frequentava a igreja batista Shalom havia cerca de 5 anos. Lá, sempre ajudava na cozinha quando era necessário.

Deixou o marido, uma filha e um neto.

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