Doria cria programa de telemedicina para agilizar diagnóstico de câncer de pele em SP

Programa em parceria com hospital Albert Einstein será ofertado inicialmente em 20 cidades

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São Paulo

O governador João Doria (PSDB) anunciou nesta sexta-feira (3) um programa de telemedicina que prevê diminuir o tempo que os paulistas levam entre o diagnóstico de um câncer de pele e o seu tratamento nas unidades públicas de saúde do estado.

O programa-piloto, batizado de Multisaúde, vai devotar atenção apenas às doenças dermatológicas. “É um programa inovador de alta tecnologia”, disse Doria.

Ele será executado em parceria com os médicos do Albert Einstein, hospital da capital paulista que é referência no tratamento de doenças da pele no país.

Inicialmente, o projeto será implantado em 20 municípios, tendo como o primeiro polo a cidade de Catanduva (385 km da capital). Ao final do segundo semestre, a meta é estender o projeto para as demais regiões do estado.

Segundo José Henrique Germann, secretário de Saúde da gestão Doria, o paciente com alguma alteração na pele vai procurar o primeiro atendimento nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) dos municípios contemplados pelo programa.

Alterações, manchas e fissuras na pele serão fotografadas e enviadas aos médicos do Einstein, que formularão o diagnóstico a distância. O tempo de espera previsto entre o primeiro atendimento e o laudo emitido pelo Einstein não deve passar de sete dias úteis, segundo meta do programa.

“Os pacientes mais graves, que necessitam de biópsia, serão chamados novamente às unidades de saúde para iniciarem o tratamento”, disse Germann.

Para o secretário, as doenças dermatológicas foram as escolhidas pelo novo programa porque “são graves e possuem grande procura por atendimento". Em Catanduva, complementou Germann, já há 2.000 casos que necessitam de um diagnóstico.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta acompanhou o anúncio do programa aos jornalistas e disse que, se o Multisaúde vingar em São Paulo, a iniciativa será replicada para os estados do Sul, que registram muitos casos de câncer de pele no país.

“O maior órgão humano é a pele. No Brasil, temos uma incidência solar elevada e muitos trabalhadores expostos ao sol sem proteção. Ao ver o tratamento dermatológico como estético, acaba-se desapercebendo o câncer”, afirmou.

CORUJÃO DA SAÚDE

O novo programa de Doria é mais uma tentativa do tucano de reduzir as filas por atendimentos médicos nos hospitais geridos, agora, pelo estado.

Ao deixar a prefeitura de São Paulo para concorrer ao governo paulista, Doria não cumpriu integralmente uma de suas principais bandeiras na área: a diminuição do tempo de espera que o paulistano leva para fazer um exame clínico.

O programa Corujão da Saúde, agora também implantado de forma parcial nos hospitais do estado, estimava um tempo médio de 60 dias para a realização dos exames na capital paulista.

No entanto reportagem da Folha mostrou que o tempo de espera para 80% dos pedidos dos procedimentos, 73% das consultas de avaliação cirúrgica e 94% das demais consultas passava do período considerado adequado pelo hoje governador de São Paulo.

Em fevereiro de 2018, do total de 163.473 exames na fila, 130.474 demoravam mais do que 60 dias. Já a fila de consultas tinha, no período, 687.037 em espera. Dentre os procedimentos, 647.584 estavam acima do prazo. Das 106.582 consultas de avaliação cirúrgica na fila, 77.760 tinham tempo médio maior do que 60 dias.

Lançado para atingir a meta em parceria com a iniciativa privada, o programa Corujão da Saúde zerou nos três primeiros meses a fila de exames de imagem deixada pela gestão Fernando Haddad (PT) e foi vitrine do tucano, que renunciou ao cargo após 15 meses para disputar o governo paulista, sendo substituído por Bruno Covas (PSDB).

Na campanha eleitoral para a prefeitura, em 2016, ele havia se comprometido com o limite de 30 dias para todos os exames. Após assumir o posto, além de aumentar o tempo prometido, Doria direcionou o Corujão apenas para um grupo de diagnósticos de imagem, como ultrassonografia e ressonância.

Nesta sexta, Doria disse que conseguiu, sim, zerar a fila de exames do Corujão da Saúde na capital paulista. “O programa foi integralmente cumprido, sim. E você tem os dados na Folha de S.Paulo.

“Quando nós assumimos a prefeitura, nós tínhamos 476 mil pessoas aguardando em fila para exames de imagem e algumas pessoas aguardando até três anos por exames. Em menos de 60 dias lançamos o Corujão com 44 hospitais privados e em 87 dias nós zeramos a fila”, reafirmou o governador.

FALTA DE REMÉDIO 

O governador João Doria também tratou da falta de medicamentos de alto custo na rede estadual. 

Segundo o governador, 47 medicamentos não estão sendo disponibilizados. São tratamentos para doenças como esclerose múltipla, anemia falciforme, esquizofrenia e mal de Parkinson, entre outras.

José Germann, titular estadual da pasta da Saúde, disse que o problema foi causado pela grande demanda, falta de matéria-prima de um fabricante e também pela ausência de “compras de medicamentos no terceiro trimestre de 2018”, quando o governo do estado estava sob o comando de Márcio França (PSB).

Germann disse que já garantiu a compra de 34 medicamentos, que serão entregues até a metade deste mês. O restante será disponibilizado a partir de junho.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que, para os casos emergenciais, o governo federal está “remanejando estoques e fazendo compras diretas para os estados”.

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