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Fantasma da automação excessiva do caso Airbus assombra a Boeing agora

Queda de voo da Air France foi o mais dramático exemplo dos riscos envolvidos com algo inerente à indústria, a inovação tecnológica

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São Paulo

Dez anos depois do maior desastre envolvendo uma aeronave que havia decolado do Brasil, os espectros que rondaram o acidente com o voo 447 da Air France seguem ativos na aviação.

A queda do Airbus-330 não foi o primeiro, mas foi o mais dramático exemplo dos riscos envolvidos com algo que é inerente à indústria aeronáutica: a inovação tecnológica.

O conglomerado europeu, que fez 50 anos neste 2019, sempre teve na aplicação de processos automáticos um carro-chefe de seus produtos.

Nos anos 1970, modelos mais avançados de seus primeiro aviões, o A300 e o A310, já haviam trocado o emaranhado de cabos mecânicos de controle secundários por sistemas elétricos.

Mas foi a família A320, que começou a voar comercialmente em 1988, que trouxe a inovação do fly-by-wire (literalmente, voar por meio de fios, no caso elétricos).

Aqui, todos os controles dados por pilotos não puxavam mais metros de cabeamento, e sim eram enviados digitalmente para um computador, que dava as ordens de movimento submetidas a parâmetros de segurança e conforto.

Isso vinha sendo testado há décadas, havia estreado na aviação militar com o caça americano F-16, mas pela primeira vez atingia uma linha comercial ampla.

Era o futuro, não sem as dores do parto tão explicitadas em 2009, quando um moderno A330 perdeu sustentação devido ao entupimento do sensor externo de velocidade (o tubo de Pitot), que causou leituras discrepantes na fusão de dados que fazem o avião voar quase sozinho.

O computador deu uma ordem estúpida e os copilotos em ação se perderam.

Como em quase todos os acidentes aéreos, a sucessão de fatores levou ao desastre, que por sua vez implicou treinamento e software melhores.

O A330 já havia apresentado problemas semelhantes um ano antes e a Air France passou a usar o Boeing-777 nas rotas para o Brasil, mas o fato é que não houve dano maior à imagem do aparelho.

Dez anos depois, quem está no fogo é a rival americana Boeing, que sempre relutou em tirar autonomia dos pilotos de seus aviões.

Ela havia aderido ao fly-by-wire nos anos 1990, com o 777. A nova geração do best-seller 737, contudo, aumentou o grau de automação.

Por uma alteração de centro gravitacional devido às novas turbinas do modelo, um sistema de correção do ângulo do nariz foi implementado.

Duas quedas do 737 MAX em cinco meses colocaram o modelo em xeque. Uma combinação de sensores externos falhos, computadores dando respostas erradas e falta de treinamento de pilotos para lidar com a situação parecem ser os culpados. De novo.

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