Governador do AM diz que não pagará indenização a familiares de mortos

Wilson Lima alegou endividamento do estado; 55 detentos foram assassinados

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Manaus

O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), descartou o pagamento de indenizações aos familiares dos 55 detentos assassinados dentro de unidades prisionais do estado entre domingo (26) e segunda-feira.

“Estamos endividados. O governo não tem dinheiro para fazer isso”, justificou, em entrevista coletiva nesta terça-feira (28), em Manaus.

Familiares e amigos de detento morto em Manaus lamentam durante seu enterro, nesta terça
Familiares e amigos de detento morto em Manaus lamentam durante seu enterro, nesta terça - Bruno Kelly/Reuters

Lima diz que em 60 dias fará o lançamento de um processo licitatório para a contratação de outra empresa para a gestão do Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), presídio onde começaram os assassinatos para substituir a atual, Umanizzare. 

A empresa é a mesma que administrava o Compaj em 2017, onde foi registrada a maior chacina do sistema penitenciário do Amazonas, com 59 mortos. 

“O contrato dela termina no sábado e já iniciamos o processo de cotação para contratação de outra empresa para a administração desse sistema. Mas isso leva tempo, é um processo de transição. Até a nova empresa assumir, a Umanizzare fica."

Lima ainda anunciou a realização de concurso público para a contratação de mais agentes penitenciários “assim que sairmos da lei de responsabilidade fiscal”. 

Outra medida divulgada foi a chegada de 20 servidores do Grupo de Intervenção Penitenciária do governo federal, que até o fim da semana deve enviar para Manaus 100 pessoas. O objetivo é ajudar a remodelar o sistema penitenciário do Amazonas e capacitar os servidores que atuam no sistema. 

Lima também anunciou a adoção de medidas de curto, médio e longo prazos para contornar a crise no sistema penitenciário, como a recuperação dos presídios, construção de gaiolas para separar presos e agentes, a criação de um sistema de rádio para o complexo de presídios —que fica localizado na zona rural de Manaus— e a criação do Comitê Permanente de Intervenção Penitenciária, com trabalhos de inteligência que, segundo o governador, ajudaram a evitar que ocorressem mais mortes. 

“Um trabalho de inteligência indicou que havia um possível racha entre integrantes de uma mesma organização criminosa, mas não sabíamos exatamente quem seriam os autores e quem seriam as vítimas. Na segunda-feira, determinei a revista em todas as unidades prisionais e, no momento em que isso aconteceu, eles anteciparam uma ação que estava prevista para acontecer durante a madrugada”, explicou.
 
Apesar de não ter evitado as mortes, Lima classificou a atuação das forças de segurança como positiva  porque, segundo ele, “pelo menos 200 detentos jurados de morte foram retirados das celas, evitando uma tragédia ainda maior”. 

Sobre a motivação das mortes, o governador afirmou que se trata de um racha em uma facção criminosa —a Família do Norte (FDN)— e que, por se tratar de ex-comparsas, era uma situação “difícil de prever”. 

Ele informou que está sendo realizada uma investigação para identificar se esse racha significa o surgimento de novas organizações criminosas no Amazonas.

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