Governo anuncia monotrilho entre estação da CPTM e aeroporto de Guarulhos

Ligação foi prometida até maio de 2021 e as obras devem começar em setembro deste ano

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São Paulo

​O governo federal e o governo do estado de São Paulo anunciaram nesta terça-feira (28) a criação de um monotrilho leve entre a estação Aeroporto da CPTM (Companhia de Trens Metropolitanos) e os três terminais de embarque do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. 

A promessa é de que a ligação esteja pronta até maio de 2021. As obras devem começar em setembro deste ano. 

A criação dessa ligação era um acordo informal entre o governo do estado e a concessionária do aeroporto, GRU Airport, desde ao menos 2012. Agora, deve ser tocado pela concessionária ao custo de R$ 175 milhões, em troca de redução da outorga anual que a concessionária paga ao governo federal.

Ou seja, embora as empresas que farão a obra e a operação sejam escolhidas pela GRU, o governo federal é quem deixa de arrecadar para que o monotrilho exista. 

Atualmente, a GRU paga R$ 800 milhões ao ano ao governo federal. Em 2019, a concessionária espera pagar R$ 1,2 bilhão em valores reajustados. O ministro Tarcísio Gomes de Freitas disse que a outorga do aeroporto alimenta o Fundo Nacional de Aviação Civil, que está superavitário, e que o governo pode abrir mão do recurso em nome do investimento que deverá ser feito. 

 

Hoje, a estação mais próxima ao aeroporto fica do outro lado da rodovia Hélio Smidt e exige que passageiros atravessem uma passarela e peguem um ônibus até os terminais do aeroporto. 

Pelo novo modelo, o passageiro que chegar à estação Aeroporto da CPTM atravessará uma passarela já existente e embarcará em uma espécie de monotrilho mais leve (automated people mover). O veículo terá três paradas, uma em cada um dos terminais do aeroporto. 

Segundo o mapa apresentado pelos governos federal e estadual, a estação diante do Terminal 1 deverá ficar na área onde hoje ocorre o embarque e desembarque de carros. No Terminal 2, a parada deverá ser entre as alas A e B. No terminal 3, internacional, a estação deve ficar próximo ao prédio do estacionamento do aeroporto. 

Segundo a GRU, o plano proposto não compromete o funcionamento do aeroporto nem os planos de expansão.

O percurso até o Terminal 3 é de 2,6 km, num deslocamento que deve ser de cerca de seis minutos. A via terá dois trens com capacidade para transportar 2.000 passageiros por hora num mesmo sentido. Hoje, os ônibus entre a estação da CPTM e o aeroporto carregam cerca de 2.600 pessoas ao dia.

O uso do monotrilho não deverá ser cobrado, uma vez que ele será remunerado pela redução do custo da outorga do governo federal.

O governador de São Paulo, João Doria, estima que uma viagem entre a Luz e o Terminal 3 possa ser feita em 46 minutos, desde que utilizando o serviço Expresso da CPTM até Guarulhos. O secretário de transportes metropolitanos Alexandre Baldy disse que pretende até o fim do ano modernizar as linhas da CPTM entre o centro de São Paulo e Guarulhos para aumentar a oferta de trens até as proximidades do aeroporto.

Essas viagens hoje esbarram em falhas na infraestrutura de diferentes linhas da CPTM, que estão passando por reformas. 

O projeto de ligação do trem para o aeroporto dependia de uma negociação entre a concessionária do Aeroporto (controlada pela Invepar) e o governo federal, dono do contrato. Ainda assim, o governador João Doria havia sido encampado desde o início do governo a articulação entre os dois entes. 

Doria já havia chamado a falta de uma estação em Cumbica de “bizarra”. "Não faz sentido transporte público que não leva até o aeroporto. É tão bizarro que é difícil acreditar que isso tenha sido feito no estado de São Paulo", disse, em entrevista.

A linha de trem que leva passageiros até perto do aeroporto foi uma das últimas inaugurações do ex-governador Geraldo Alckmin. O anúncio da nova ligação, que surge como uma vitória para Doria, ocorre na mesma semana que o PSDB fará sua convenção nacional. 

Nesta terça-feira (28), durante o anúncio da nova ligação, ​Doria não poupou críticas à forma como os passageiros hoje fazem a interligação do trem para o aeroporto. O governador disse que era um drama ter uma linha até o aeroporto que não levasse efetivamente até o aeroporto. Doria disse ainda que, com o novo monotrilho, o passageiro teria uma ligação fácil entre o trem e o aeroporto de Guarulhos, como "qualquer aeroporto civilizado do mundo". 

O impasse sobre a construção de uma estação dentro do aeroporto se deu porque a concessionária GRU Airport pretendia usar parte do terreno para a construção de um empreendimento, que poderia ser um hotel ou shopping. O projeto da concessionária inviabilizou a construção da estação, embora a empresa tivesse acordado com o governo Alckmin que o aeroporto teria uma estação de trem. 

Para compensar a ausência da estação de trem dentro de Cumbica, a concessionária se comprometeu então a fazer um meio alternativo de ligação entre o trem entregue pelo governo do estado, que hoje é feito por linhas de ônibus. 

Com a crise econômica, a concessionária não fez o seu empreendimento e nem avançou a ideia das estações dentro do aeroporto, que não era um compromisso contratual. "Não era uma obrigação da concessionária fazer esse tipo de transporte num primeiro momento", justificou Gustavo Figueiredo, diretor da GRU Airport. 

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