Fazia um dia que Joaquim havia instalado um marcapasso em seu peito. Incessantemente, os enfermeiros entravam e saíam do quarto em que o jornalista estava internado. É que as máquinas que o monitoravam não paravam de apitar, indicando fortes variações clínicas.
Naquele domingo, o Santos disputava a final do Campeonato Paulista de 2010 e Joaquim não poderia perder o jogo do seu time.
O Santos tinha a vantagem de até perder por um gol para ser campeão diante do Santo André. Ao final do jogo, foram três gols sofridos, dois celebrados, quatro expulsões e uma bola na trave aos 45 do segundo tempo que poderia mudar tudo. Santos campeão.
Depois desse teste, Angélica, mulher de Joaquim, sabia que o marcapasso recém-colocado estava funcionando.
Nascido em Santos (SP), Joaquim aprendeu com o pai a necessidade de ser austero com as finanças e rigoroso na ética. Com a mãe, a ter inteligência emocional, sobretudo quando as coisas não saíam como esperado.
Essa herança materna foi aprimorada nas décadas em que se tornou referência no jornalismo econômico, trabalhando em publicações como Exame, Istoé Dinheiro e Brasil Econômico.
Amigos brincam que a única vez que o reservado Joaquim se arriscou numa pista de dança foi para impressionar Angélica, que ele tentava conquistar há um ano. Deu certo. Com três meses de namoro, ela o pediu em casamento. Desde então, toda noite ele dizia que a amava.
Joaquim morreu no último sábado (18), por complicações após uma cirurgia no coração.
Ele deixa Angélica, três irmãos, sobrinhos e os amigos. Uma missa será realizada neste sábado (25).
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.