Descrição de chapéu Obituário Walter Paulino da Costa (1934 - 2019)

Mortes: Fez dupla com o irmão e cantou as saudades caipiras do campo

Léu, da parceria com Liu, fazia parte de linhagem de músicos do interior

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São Paulo

Conhecido pelo nome artístico de Léu, Walter Paulino da Costa compôs dupla caipira com o irmão Lincoln Paulino da Costa, o Liu. Membros de uma linhagem de músicos, eram irmãos de Zico e Zeca e primos de Vieira e Vieirinha.

Durante a adolescência, trabalharam nas lavouras de café do interior de São Paulo e cresceram em meio aos costumes da cultura caipira: viveram em sítios, tocaram viola, dançaram catira —aquela em que o ritmo é marcado por palmas e bate-pés. Walter nasceu em Itajobi, a 393 km de São Paulo.

Mudaram-se para a capital em 1957 para trabalhar de carteira assinada em uma metalúrgica, aproveitando o impulso de industrialização da cidade grande.

O violeiro e cantor Léu (dir.), da dupla com o irmão Liu (esq.)
O violeiro e cantor Léu (dir.), da dupla com o irmão Liu (esq.) - Reprodução

Acompanhantes dos já conhecidos Zico e Zeca, Walter e Lincoln tocaram modas informalmente durante visita aos bastidores da rádio Bandeirantes e agradaram. 

Foram então convidados a participar do programa Novidades Sertanejas e fizeram a estreia profissional em 5 de novembro de 1957. Lincoln já era Liu, e o apelido Léu colou sonoramente em Walter.

Apresentando-se em circos de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás e Mato Grosso, Liu e Léu, então, caíram no gosto de um país cada vez mais urbano, composto de migrantes que, uma vez nas capitais, buscavam em peças, filmes e músicas as referências das terras de origem. 

Os artistas complementavam-se como outras duplas caipiras da época: Liu fazia a primeira voz aguda e Léu a segunda voz grave. Tocavam valsas, guarânias, canções-rancheiras, cateretês, modas de viola, toadas e cururus. 

Em suas músicas eles tematizam a rotina de provações na cidade grande; a relação de proximidade com a natureza; as desilusões amorosas; e, especialmente, as saudades que os caipiras sentiam de um lugar e um modo de vida que estavam em processo de extinção.

“Vai caminheiro, leva esse recado meu, por favor diga pra mãe, zelar bem do que é meu, cuidar bem do meu cavalo, que o finado pai me deu, do meu cachorro campeiro, meu galo índio brigador, minha velha espingarda, e o violão chorador”, diz a canção Caminheiro, que, segundo o filho de Léu, era sua preferida.

“Ele gostava de passar uns dias no sítio, descansar, ficar tranquilo, fazer marcenaria. Tocou viola até sua saúde piorar”, diz Walter Paulino da Costa Filho. “Foi uma pessoa de muita dignidade”.

Morreu no dia 16, aos 82, de uma fibrose pulmonar. Deixa a mulher, Marinilda, quatro filhos e dois netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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