Planilha cita repasse da Odebrecht a pessoas ligadas a ex-líderes da Câmara de SP

Arquivos de repasses mencionam genro de Antonio Carlos Rodrigues e chefe de gabinete de Police Neto

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São Paulo

Uma planilha de pagamentos ilegais da Odebrecht menciona duas pessoas ligadas a ex-presidentes da Câmara Municipal de São Paulo. 

Fabiano Rosas Alonso, genro de Antonio Carlos Rodrigues, é apontado como recebedor de R$ 1 milhão. Já Fabio Ferreira de Araújo, chefe de gabinete do vereador José Police Neto (PSD), teria recebido R$ 100 mil. 

As informações foram reveladas nesta sexta-feira (3) pelo jornal O Estado de S. Paulo. 

Ambos os nomes apareceram na planilha da transportadora usada pela Odebrecht para fazer o pagamento das propinas, a Transnacional. Os repasses teriam acontecido em 2014, quando Rodrigues era senador e Police Neto já havia deixado a direção da Câmara.  

De acordo com o arquivo da transportadora, Alonso teria recebido dois pagamentos de R$ 500 mil e Araújo, um de R$ 100 mil. A planilha não cita nem Rodrigues nem Police Neto.

Antonio Carlos Rodrigues (PR), que foi ministro dos Transportes da ex-presidente Dilma Rousseff (PT)
Antonio Carlos Rodrigues (PR), que foi ministro dos Transportes da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) - Pedro Ladeira/Folhapress

No caso de Alonso, a entrega foi num endereço da rua Deputado Laercio Corte, no Panamby. Já a entrega relacionada a Araújo cita endereço na avenida Paulista. 

O vereador Police Neto afirmou que nunca recebeu recursos da empreiteira e nem foi citado por nenhum dos 77 delatores. "Fábio Ferreira tampouco recebeu ou solicitou qualquer valor à empreiteira. Todas as doações para a minha campanha eleitoral em 2014 foram devidamente declaradas ao TRE-SP, que aprovou as contas", afirmou.

As senhas usadas nos supostos pagamentos ao genro de Rodrigues, Alonso, estão ligadas ao codinome Projeto, que, segundo a Odebrecht, se refere ao ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), que é secretario da Casa Civil licenciado do governo de João Doria (PSDB), aponta a reportagem do Estado de S. Paulo.

Tanto Police Neto quanto Rodrigues foram presidentes da Câmara durante a gestão de Kassab, entre 2006 e 2012.

Rodrigues afirmou que tanto ele quanto o genro não têm o que comentar sobre o assunto. Os defensores Daniel Bialski e João Batista Augusto Junior, afirmaram, em nota, que Alonso e Rodrigues "repelem as insinuações que lhes estão sendo atribuídas e desconhecem a origem de tais 'informações'".

"De tal maneira", continua a nota, "a defesa buscará oportuno acesso às investigações, inclusive para requerer que seus constituídos possam ser ouvidos sobre os fatos e extirpar estas suspeitas."

A Odebrecht afirmou que "tem colaborado de forma eficaz com as autoridades em busca do pleno esclarecimento dos fatos narrados pela empresa e seus ex-executivos". "A Odebrecht já usa as mais recomendadas normas de conformidade em seus processos internos e segue comprometida com uma atuação ética, íntegra e transparente”, afirmou a empresa.

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