Um incêndio de grande proporção embaixo da ponte do Jaguaré, no sentido Interlagos da marginal Pinheiros (zona oeste de SP), interditou os dois sentidos da ponte às 6h20 esta sexta-feira (21). A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) informou às 10h30 que apenas o sentido Interlagos permaneceria interditado, não há previsão para liberar a via.
O fogo foi extinto às 11h57. Oito carros do Corpo de Bombeiros que trabalhavam no rescaldo deixaram o local às 12h02. Segundo os bombeiros, não há vítimas.
Sob o viaduto havia madeiras de caixas que seriam utilizadas na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo). Ao todo, 12 viaturas e 50 bombeiros participaram da operação.
Pontes e viadutos não receberam reparos
Em novembro de 2018, um viaduto da Marginal Pinheiros, a 500m da Ponte do Jaguaré, cedeu cerca de 2m. A via foi interditada sob risco de colapso. No mês seguinte, o chefe de gabinete do prefeito Bruno Covas (PSDB) admitiu, em nota oficial, desconhecer o real estado de conservação das pontes e viadutos da cidade.
Após quatro meses de interdição para obras de recuperação —o que custou aos cofres públicos R$ 26,5 milhões— o viaduto na Marginal Pinheiros foi reaberto com fissuras e vãos abertos. Na ocasião, a prefeitura alegou foi possível liberar a via para trânsito porque não havia danos estruturais na construção.
Além disso, em fevereiro, a prefeitura de São Paulo contratou empresas para inspecionar pelo menos oito viadutos da cidade. Isso porque em um único dia, 22 de fevereiro, duas pontes importantes da capital, a da Freguesia do Ó e a da Casa Verde, foram interditadas após inspeção. A prefeitura então impôs sigilo às empresas contratadas.
Duas semanas depois, a Promotoria de Habitação e Urbanismo da cidade entrou com pedido na Justiça contra a prefeitura pedindo a restrição de trânsito de 14 pontes e viadutos paulistanos, alegando “graves riscos”. De acordo com o Ministério Público, pelo menos estes 14 viadutos, dos 16 vistoriados na ocasião, deveriam ser interditados.
O que se sabe é que, nos últimos dez anos, 169 pontes e viadutos da capital não receberam reparos. Apenas 16 vias das 185 passaram por consertos, sendo quatro emergenciais, realizados apenas após o viaduto da marginal ceder em 2018.
Famílias receberam cestas básicas e kits higiene
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social disse à Folha que as 50 famílias que viviam sob a ponte do Jaguaré foram acolhidas no local pela rede socioassistencial. Ao todo, 215 pessoas foram atingidas.
De acordo com o órgão, nenhuma das famílias pediu acolhimento em abrigos, todas se dirigiram para casas de parentes. Foram distribuídos 215 colchões, 215 cobertores, 76 cestas básicas e 66 kits higiene.
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