Descrição de chapéu Obituário Antonio Carlos Marques (1953 - 2019)

Mortes: Professor, estendeu a mão à cultura popular afro-brasileira

Presidente da Fundação Cultural de Uberaba, Antonio Carlos Marques, morreu aos 65 anos

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São Paulo

Antonio Carlos Marques via na proliferação dos batuques, danças e manifestações populares uma forma de resistência contra o preconceito sofrido pela cultura afro-brasileira. 

Como militante da arte em Uberaba e depois à frente da Fundação Cultural da cidade, ele dedicou a vida a estender a mão para para movimentos muitas vezes relegados a segundo plano por gestores culturais. 

O professor Antonio Carlos, como era conhecido por todos, começou a carreira dando aulas de educação artística em colégios da cidade. No mesmo período, mergulhava na história das manifestações folclóricas e religiosas brasileiras. 

"Ele estudava muito sozinho. Era um apaixonado e grande conhecedor da cultura afro", diz uma das filhas do professor, a professora de dança Thalita Ribela Almeida, 34. 

Antonio Carlos costumava explicar, de maneira didática e detalhada, a diferença entre cada uma das manifestações afro que se espalharam pelo Brasil por meio dos negros libertos. "Os negros se manifestavam dentro das senzalas, com seus batuques, seus cânticos, e a partir da pseudo libertação eles saíram da senzala e vieram para a rua para festejar. Cada grupo com seu canto, musicalidade e o seu ritmo", disse, em uma entrevista em 2016. 

Professor Antonio Carlos Marques, presidente da Fundação Cultural de Uberaba
Professor Antonio Carlos Marques, presidente da Fundação Cultural de Uberaba - Reprodução

Aos 37 anos, foi um dos criadores da Fundação Cultural de Uberaba, responsável pela política municipal de cultura, onde trabalharia até o fim da vida. Ali, ajudaria a fomentar danças e manifestações como catira, congada, moçambique. Também atuaria na criação de projetos como o Circo do Povo, que leva arte e educação a jovens da periferia. 

A filha diz ter crescido brincando com as irmãs na fundação, enquanto o pai fazia o que gostava na fundação, onde atingiria o cargo de presidente. "Ele deixava de se cuidar para participar das reuniões, para se entregar ao trabalho dele. Hoje a fundação está de pé, ele é que não está".

No dia 15, o professor morreu decorrente de complicações da diabetes e problemas renais aos 65 anos. Deixa mulher e três filhas. 

No velório dele, amigos e familiares assistiram apresentações de grupos de congada, folia de reis, artes circenses e capoeira, manifestações que o professor passou a vida incentivando.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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