Após temporal, Pernambuco tem enterros em série, alagamentos e falta de luz

Chuvas deixaram 13 mortos, inclusive grávida de oito meses; 1.200 pessoas estão desalojadas

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Joana Suarez
Recife

Três ônibus vão levar nesta sexta-feira (26) os moradores da comunidade de Caetés, em Abreu e Lima, região metropolitana de Recife, para o velório de pai e três filhos vítimas de um dos desabamentos durante o temporal de quarta-feira.

São eles os mesmos moradores que cavaram a terra por dez horas para encontrar o corpo de Maria Eduarda da Silva, 21. Ela, a irmã Mariana da Silva Santos, 18, o irmão Luiz Eduardo da Silva Santos, 15, e o pai Silvano dos Santos, 49, serão enterrados em Camocim de São Félix, cidade no agreste pernambucano, de onde a família saiu em 2011.

Parte da cidade de Olinda, no Grande Recife, alagada na quarta-feira (24)
Parte da cidade de Olinda, no Grande Recife, alagada na quarta-feira (24) - Reprodução - 24.jul.2019/TV Globo

Maria Eduarda, que esperava para agosto o nascimento do seu filho Brendon, morreu soterrada pela lama que deslizou do muro de arrimo em cima da casa dos pais dela e foi a última a ser localizada, no local onde a mãe dela, Hariana Tereza Xavier da Silva, 39, avisou que estaria o corpo.

A mãe sobreviveu à tragédia, mas está em estado grave na UTI do Hospital Miguel Arraes, em Paulista, no Grande Recife, após cirurgia.

Único filho de Hariana que não estava em casa na hora do deslizamento, Sivonaldo da Silva é quem está cuidando do enterro, reconhecendo os corpos e voltará para ficar com a mãe no hospital. 

Na foto do perfil de uma rede social de Breno da Silva, marido de Maria Eduarda, ele beija a barriga da mulher grávida na festa de chá de fraldas do filho. Na quarta-feira, ele passou o dia acompanhando os resgates.

Há quase dez anos, as cidades no Grande Recife não registravam um dia de chuva com tantas mortes. 

Ao todo, 13 pessoas morreram, incluindo o bebê de Maria Eduarda que nasceria em agosto. A última tragédia dessas proporções havia ocorrido em 2010, quando 20 pessoas morreram no estado. 

Nesta quinta-feira, as chuvas diminuíram e não houve ocorrências graves, mas o Corpo de Bombeiros informou que recebeu mais uma chamada em Abreu e Lima, no mesmo local dos cinco óbitos de quarta-feira. Era um lava jato que cedeu e desabou por cima de outra casa. 

Moradores afirmaram aos bombeiros que a casa era habitada por um idoso e que ele tinha animais de estimação, mas não estava em casa. Foram feitas buscas durante todo o dia.

Ao menos 1.200 pessoas na Grande Recife estão desalojadas, segundo a Coordenadoria de Defesa Civil do Estado de Pernambuco (Codecipe).  As pessoas foram obrigadas a deixar as casas em seis cidades: Recife, Olinda, Paulista, Jaboatão dos Guararapes, Igarassu e Abreu e Lima. 

Em Olinda, que tem 130 moradores em abrigos, as ruas dos bairros Jardim Fragoso continuavam cheias de água nesta quinta-feira (25) e bairros ainda estavam sem energia elétrica. O dia também foi de limpeza das ruas e casas alagadas. 

Quatro cidades pernambucanas decretaram situação de emergência por causa das chuvas: Olinda, Abreu e Lima e Igarassu, na região metropolitana, e Vicência, na Zona da Mata. 

O governador Paulo Câmara se reuniu de manhã com o Comitê de Monitoramento de Chuvas, que concentra equipes de diversos órgãos estaduais para encontrar soluções para as famílias atingidas. 

Em nota, o governo informou que se solidarizava com as famílias das vítimas, não só as desta quarta-feira (24), mas também dos casos ocorridos no mês passado, quando nove pessoas morreram também em decorrência das chuvas. 

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