Em seu apartamento na av. Europa, Sylvia Lafer Piva passava seus dias diante de uma mesa larga com as melhores amigas, jogando cartas, fumando cigarros (dos quais ela cortava o filtro) e contando das viagens à Europa que fizera ao longo da vida.
Sylvia era a imagem da elite cosmopolita de sua época. Seu pai, Horácio Lafer, foi cofundador da Klabin Irmãos & Cia, empresa familiar de papel e celulose. Ele depois se tornaria ministro da Fazenda durante o segundo governo Vargas (1951-53) e ministro das Relações Exteriores de Juscelino Kubitschek (1959-61); sua mãe, Maria “Mimi” Luisa Salles, era sobrinha-neta do presidente Campos Sales (1841-1913).
Sylvia viveu desde jovem em um ambiente político e se casou com Pedro Franco Piva, que viria a ser senador. Tiveram três filhos: Regina, Eduardo e Horácio, hoje acionistas da empresa fundada pelo avô.
Para a família, a palavra que definia a Sylvinha era elegância. Educada por preceptoras alemãs e francesas, era fluente em inglês e francês e apaixonada por viajar. Seu destino preferido era Paris.
Apesar da criação conservadora, segundo a família, Sylvia cultivava uma visão de mundo à frente de sua geração. Era leitora fiel de Albert Camus (1913-1960), jornalista e filósofo francês que pregou a apreciação da realidade sem necessidade de alterá-la.
“Você não a via criticar as pessoas. Ela compreendia o ser humano tal como ele é. Por isso, ela não tinha muitas preocupações na vida”, afirma o filho Horácio Lafer Piva, economista e empresário.
Sylvia morreu nesta terça-feira (2) aos 82 anos, após problemas cardíacos e circulatórios. Seu velório e cremação ocorreram na quarta-feira (3).
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