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Mortes: Estrela do Trombone, viveu para encher Floripa de música e alegria

Tímido e humilde, aprendeu a tocar de maneira autodidata

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Caroline Amaral ‎Coutinho
São Paulo

Quando Mazinho do Trombone, que morreu nesta quarta-feira (10), foi com sua banda para São Paulo, ele viu um grupo de pessoas dormindo embaixo de um viaduto perto do bar do Bixiga.

Nem pestanejou: pegou seu trombone e começou, lá mesmo, seu concerto. Homenageados, aqueles que estavam embaixo do viaduto começaram a aplaudir.

Era um sucesso onde passava. Começou sua carreira tocando no Exército e logo se tornou famoso na ilha de Florianópolis por seu samba de gafieira durante o carnaval. Depois começou uma banda com membros da família, a Joia Rara, que depois se tornou Magia Rara. A banda continuará tocando em homenagem à sua estrela principal, segundo Marcelo Roberto Vieira, 49, filho do artista e baixista do grupo.

Mazinho do Trombone faleceu na quarta-feira (10)
Mazinho do Trombone, que faleceu na quarta-feira (10), em concerto - Arquivo Pessoal

Não existia Mazinho sem o trombone. Nasceu chamando-se Daldumar Roberto Vieira, em 1941, no Morro do Mocotó, em Florianópolis (SC). Sua família era humilde, mas já tinha uma veia musical: seu avô tocava cavaquinho no Exército e seu pai, na banda da Polícia Militar de Santa Catarina.

Começou a estudar o instrumento aos 8 anos, era autodidata. Por não ter tido educação musical, nunca aprendeu a ler partituras. Mas não fazia falta: escutava uma canção que gostava no seu radinho e em poucas horas, replicava com perfeição no sopro. Foi assim que aprendeu a tocar ritmos norte-americanos, desde o rock dos Beatles até Stevie Wonder, “I Just Came to Say I love You” —uma de suas preferidas.

Baixinho e miúdo, apesar da grandeza de seu talento, era um homem tímido de pouquíssimas palavras. Tocava música, mas vivia para ouvir: as piadas de seus filhos, as histórias de seu amigos e as novidades musicais que saíam nas rádios. 

Em 2001, Mazinho teve seu primeiro AVC (acidente vascular cerebral). Teve ainda mais dois. Sua saúde ficou debilitada, teve diversas cirurgias cardíacas e, depois, aprendeu a conviver com a diabetes. 

“Morro se parar de tocar”, admitiu à jornalista Ângela Bastos. E seus médicos confirmam, foi a música que que o deu mais anos de vida: a forte respiração que precisava para o sopro, ajudava na oxidação do seu cérebro.

Mazinho morreu aos 78 anos nesta quarta-feira (10) devido a uma pneumonia, e foi velado na quinta-feira (11) no sul da ilha de Florianópolis (SC), onde morava. Deixa seis filhos e seu silêncio.

Sem seu companheiro, o trombone ainda participará dos futuros concertos da Magia Rara. Em homenagem ao pai, Marcelo prometeu que sempre terá um tripé e um banquinho no palco, apoiando o instrumento e a característica boina de Mazinho.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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