Pescador diz que aliado de suspeito de matar Marielle jogou armas no mar

Quatro pessoas são suspeitas de terem participado de 'desova' de armamentos

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Rio de Janeiro

Um pescador disse em depoimento à polícia que um aliado do PM reformado Ronnie Lessa, suspeito de atirar na vereadora carioca Marielle Franco, contratou seu barco e jogou seis fuzis no mar logo após o policial ter sido preso. A informação foi publicada pelo jornal O Globo. 

A Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, que investiga o caso junto ao Ministério Público estadual, confirmou que uma testemunha declarou que armamentos foram jogados ao mar, mas não informou quem seria essa testemunha nem a quantidade de armas vistas por ela.

A desova teria ocorrido próximo às Ilhas Tijucas, a cerca de 2 km da orla da Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade. Em março e início de abril, equipes da Marinha e do Corpo de Bombeiros chegaram a realizar buscas no local com o auxílio de um sonar (que emite ondas sonoras), mas até agora nada foi encontrado.

A polícia investiga se uma dessas armas é a submetralhadora HK MP5 que foi usada para assassinar Marielle e seu motorista Anderson Gomes enquanto eles voltavam de um evento no centro do Rio, em março do ano passado. O pescador pode ter se confundido sobre as diferenças entre fuzis e submetralhadoras.

A polícia diz que está apurando a desova como obstrução de investigação de organização criminosa. Quatro suspeitos já foram ouvidos na delegacia nesta semana sobre o descarte das armas, além de várias testemunhas, segundo a corporação.

De acordo com O Globo, eles seriam: 1. Márcio Montavano, o Márcio Gordo, suspeito de ter retirado as armas de dois endereços ligados a Ronnie Lessa e as jogado no mar; 2. a mulher de Lessa, Eliane de Figueiredo Lessa; 3. o irmão dela, Bruno Figueiredo; 4. um homem chamado Josinaldo Freitas.

A reportagem narra que, segundo o depoimento do pescador, um homem chegou ao Quebra-Mar de táxi no dia 14 ou 15 de março dizendo que queria contratar uma embarcação para fazer pesca submarina perto das Ilhas Tijucas —Lessa foi preso no dia 12 daquele mês, e na mesma operação foram encontrados 117 fuzis airsoft desmontados e uma oficina de montagem atribuídos a ele.

O homem aparentava ter entre 30 e 35 anos, era forte, tinha os braços cobertos por tatuagens e carregava uma mala grande e uma caixa de papelão pesada. Ao chegar na região das ilhas, ele teria retirado da mala os fuzis e da caixa de papelão duas caixas menores, uma amarela e a outra azul, e jogado tudo no mar. 

O barqueiro teria dito à polícia ainda que sentiu medo e não cobrou os R$ 60 acertados pela viagem, mas, na volta, o homem jogou R$ 300 dentro da embarcação sem dizer nada e foi embora. Ele afirmou já ter visto o homem pelo menos uma vez num bar da região.

O ex-PM Élcio Vieira de Queiroz e o PM reformado Ronnie Lessa
O ex-PM Élcio Vieira de Queiroz e o PM reformado Ronnie Lessa - UOL

Ainda de acordo com o jornal, a operação para se livrar das armas teria acontecido horas antes de a polícia cumprir um mandado no apartamento onde elas estavam armazenadas. Os integrantes do grupo de Lessa foram gravados pelas câmeras de segurança saindo do local às pressas, 30 minutos antes de a polícia chegar. 

A mulher de Lessa é suspeita de ter determinado a retirada da mala e da caixa com os armamentos. O casal é sócio da Academia Super Nova Saúde do Corpo LTDA, que servia como referência para a entrega das peças de fuzis airsoft como as achadas na operação que prendeu seu marido, segundo O Globo.

A Polícia Civil constatou que as peças poderiam ser adaptadas para fuzis M-16, com alto poder de destruição. Lessa e o ex-PM Élcio Vieira Queiroz, acusado de ter dirigido o carro usado para matar Marielle e Anderson, estão presos no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. 

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