Questão ambiental é para veganos que só comem vegetais, diz Bolsonaro

Presidente promete 'surpresa' sobre dados do Inpe que mostram aumento do desmatamento

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Rio de Janeiro

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a afirmar neste sábado (27), em evento do Exército na zona oeste do Rio de Janeiro, querer transformar a baía de Angra dos Reis em uma “Cancún Brasileira”, e que apenas “veganos que comem só vegetais” se importariam com a questão ambiental na região.

Questionado se o ambiente não seria importante na transformação da baía de Angra dos Reis, o presidente fez um longo discurso contra a questão ambiental.

“Só aos veganos que comem só vegetais [é importante a questão ambiental] (...) Outros países com baía não tão exuberante como a de Angra conservam o meio ambiente. Se quiséssemos fazer uma maldade, cometer um crime, nós iríamos à noite ou em um fim de semana qualquer na baía de Angra e cometeríamos um crime ambiental, que não tem como fiscalizar”, disse.
 

Presidente caminha acompanhado de outras pessoas durante cerimônia militar.
O presidente Jair Bolsonaro participou de Cerimônia de Brevetação dos Novos Paraquedistas, no Rio de Janeiro - Marcos Corrêa/PR

No ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pela inconstitucionalidade de redução de Unidades de Conservação (UCs) por medida provisória. Bolsonaro quer alterar o status da Estação Ecológica (Esec) de Angra, onde é dono de uma casa na Vila Histórica de Mambucaba.

O presidente voltou a apontou que quer transformar Angra em uma “Cancún Brasileira”.

“Me ajudem a fazer a baía de Angra a Cancun brasileira. Só que eu tenho que derrubar um decreto, acreditem, é por lei. Cancun fatura US$ 12 bilhões por ano. O que fatura a baía de Angra? Fatura com dinheiro que vem de cuscuz, cocoroca e água de coco. E o estado do Rio com dificuldades. Vamos fazer da baía de Angra um Cancún. Tem gente de fora do Brasil que a custo zero transforma a baía de Angra talvez na primeira maravilha do Brasil”, planejou Bolsonaro.

Enquanto defendia a mudança em Angra, o presidente voltou a colocar em dúvidas os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). “Esses dados do Inpe, semana que vem vocês, vão ter uma surpresa”, disse o presidente, que não quis dizer qual seria essa surpresa.

“No Brasil, parece que os chefes de Estado e alguns fazem campanha contra a sua pátria. Lula em 2002 disse que Brasil tinha 30 milhões de crianças nas ruas, é uma péssima propaganda contra o Brasil, essa questão ambiental é a mesma coisa. Não estou acusando ninguém, mas queria saber o que une essas pessoas com ONGs internacionais. Não serei o responsável por fazer uma campanha contra o meu Brasil”, reclamou Bolsonaro. 

Dados preliminares de satélites do Inpe mostram que mais de 1.000 km² de floresta amazônica foram derrubados na primeira quinzena deste mês, aumento de 68% em relação a julho de 2018.

“Quando acabarem os commodities do Brasil, nós vamos viver do que? Do que a gente vai viver? Outros países cada vez mais avançando no mundo todo. Vamos viver do que? Vamos virar veganos? Vamos virar, sim... Viver do meio ambiente? Não podemos tratar o meio ambiente como uma psicose ambiental”, continuou o presidente do Brasil.

Bolsonaro comentou ainda a questão indígena no país e disse que índios não querem viver isolados em reservas, como em um zoológico.

“Eu tenho conversado com índios, eles não querem viver como homem pré-históricos dentro das suas propriedades, eles querem em um primeiro momento energia elétrica. Estive agora no Amazonas, conversei com um pequeno grupo de índios e foi nesse sentido a conversa. O índio é um ser humano igual a nós, não é para ficar isolado em uma reserva como se fosse um zoológico”, acrescentou Jair Bolsonaro.

Questionado pela Folha neste sábado (27), o ministro Ricardo Salles (Meio-Ambiente) não quis se manifestar sobre as declarações de Bolsonaro.

 
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