Descrição de chapéu Dias Melhores

Após ficar 70 dias em UTI, bebê inspira pai a escrever livro sobre esperança

Família da criança quer distribuir mil exemplares em UTIs pediátricas do país

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Com o coração aliviado, o fotógrafo Edu Leporo, 45, lembra a história de Bento, um de seus filhos gêmeos de um ano e dois meses.

O bebê ficou 70 dias internado em um hospital em Guarulhos após contrair uma pneumonia bacteriana. Os acontecimentos do período se transformaram no livro "A Odisseia do Pequeno Bento". 

"Recebia muitas mensagens perguntando sobre o Bento e não tinha condições físicas e psicológicas de responder cada uma. Então, com base no dia a dia no hospital, criei um diário com historinhas lúdicas e animadas."

A princípio, os textos foram escritos com a intenção de informar aos amigos e parentes sobre o estado de saúde da criança, mas logo surgiu a ideia de usá-los para confortar e levar amor, fé e esperança a pais que passam por situações semelhantes com seus filhos na UTI. 

"Com o relato leve e muitas vezes engraçado quero mostrar que, apesar dos problemas, sempre há esperança", diz Edu.

O livro está pronto e ilustrado. Agora, o objetivo é arrecadar R$ 45.200 para a produção de mil exemplares que serão distribuídos gratuitamente a pais e crianças de UTIs pediátricas em todo o Brasil. 

Qualquer pessoa pode colaborar com a vaquinha até 18 de setembro. As empresas que quiserem patrocinar o projeto, com valores a partir de R$ 3.000, terão a logomarca na contracapa. Até o momento, foram arrecadados R$ 2.590.

 

A internação

Bento e Benjamim nasceram no dia 20 de junho de 2018. A gestação e o parto foram tranquilos. Segundo o pai, os irmãos sempre tiveram saúde até começarem a frequentar a escola.

Em março deste ano, quando tinham nove meses, os meninos ficaram gripados. Benjamin melhorou rápido, ao contrário de Bento. Os médicos insistiram no diagnóstico de gripe, até que o estado de saúde do bebê piorou e o quadro mudou para pneumonia bacteriana grave.

“Foram alguns dias de idas e vindas do hospital, até que tiveram a ideia de fazer um raio-X do tórax por causa dos exames clínicos alterados”, lembra Leporo.

Assim que internado, em um hospital em Guarulhos (Grande SP), Bento sofreu duas paradas cardíacas. Ele ficou entubado e em coma induzido por 12 dias. Órgãos como rins e fígado pararam, e a criança precisou fazer hemodiálise e teve infecção generalizada.

A rotina da família mudou completamente. Leporo e a esposa, a representante comercial Renata Leporo, 38, se revezavam para acompanhar o bebê no hospital.

“Foram 70 dias intensos. Cada um de nós permanecia por 12 horas ao lado dele. Largamos nossos projetos. Achei que fosse perdê-lo. Bento pegou todo tipo de infecção que um hospital poderia oferecer a uma criança por causa da imunidade baixa.”

Com emoção, Leporo conta que ele e a esposa chegaram a discutir com que roupa enterrariam o filho. “Ele foi desenganado. Tinha dias que os médicos não queriam olhar na nossa cara com medo de ter que dar a notícia da morte dele”, relata Leporo.

Quando estava perto de completar 60 dias de internação, o médico disse que, devido a uma necrose, seria necessário tirar um pedaço do pulmão do menino. 

Para surpresa de todos, um dia antes da cirurgia Bento apresentou melhora surpreendente. "Ele acordou e retirou a respiração mecânica e o soro sozinho."

O bebê se recuperou, teve alta e retornou para casa. Dois dias depois, no dia das mães, Bento teve uma recaída e retornou ao hospital, onde permaneceu mais dez dias internado. 

Gradativamente, a infecção baixou. "Os médicos não têm explicação para o que aconteceu. No hospital, Bento ganhou o apelido de milagrinho", diz.

Hoje, o menino está bem, mas seu estado de saúde ainda inspira cuidados. "Ele chegou a tomar 16 tipos de antibióticos por dia, o que causou problemas no fígado e na vesícula", afirma.

​"Ganhamos amigos de todos os jeitos. Todo mundo torcia pelo Bento. Meu Instagram aumentou de 3.000 para mais de 5.000 seguidores. Tudo isso nos trouxe algumas pessoas de volta. A irmã, que não falava comigo reapareceu; minha filha que eu não via há dez anos voltou. Aprendemos muitas lições."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.