Ator Thammy Miranda ganha cargo na Câmara Municipal de SP

Ele concorreu a vereador em 2016 e defendeu inclusão de discussões de gênero nas escolas

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São Paulo

O ator Thammy Miranda, 36, ganhou um cargo de assessor especial na Câmara Municipal de São Paulo. A nomeação foi publicada nesta quinta-feira (22) no Diário Oficial do município.

Ele trabalhará no gabinete do segundo secretário da Mesa Diretora da Câmara, que é o vereador Isac Félix, do Partido Liberal. A Mesa Diretora é o órgão que comanda as atividades administrativas e legislativas da Câmara, e é composta por presidente, 1º e2º vice-presidentes e 1º e 2º secretários, além de suplentes.

O assessor especial tem função genérica e deve ajudar o vereador de acordo com as necessidades apresentadas: relação com o eleitorado, elaboração de projetos, contato com a imprensa, entre outros. Trata-se de cargo comissionado, com remuneração de R$ 10 mil.

Nas eleições de 2016, o filho da cantora Gretchen lançou-se candidato a vereador pelo PP, recebeu 12.408 votos e ficou como suplente.

No final do ano passado, quando o vereador Camilo Cristófaro (PSB) teve o mandato cassado pela Justiça (e depois o recuperou com liminar), Thammy chegou a ser chamado para se tornar vereador. Agora, trabalhará no Legislativo paulistano, mas em outra função.

A atual nomeação de Thammy para assessor especial irritou Cristófaro, já que ambos trocaram farpas quando o vereador do PSB quase perdeu o mandato.

"Acho que ela não tem vergonha na cara. Disse que todo político é ladrão e que não participa de política. Quero que ela trabalhe. Quero ver se ela vai trabalhar", disse Cristófaro à Folha. O vereador insiste em se referir a Thammy, que é transexual, no feminino, pelo que foi criticado pelo ator e por Gretchen no começo do ano.

A reportagem procurou Thammy por meio de sua assessoria de imprensa, mas não conseguiu falar com o ator. O mesmo aconteceu na tentativa de contato com o vereador Isac Félix.

À época de sua filiação ao PP, em 2015, Thammy, recebeu críticas de representantes de diferentes grupos que defendem causas LGBT por ter escolhido participar das eleições pelo partido que à época abrigava Jair Bolsonaro, que acabou lançando-se à presidência pelo PSL.

"Não é possível que algum ser humano nessa terra, sabendo da minha luta, de tudo que eu venho tentando conquistar, o espaço que eu venho tentando conquistar e a minha luta para ser quem realmente eu sou, vai me vincular com um cara desses. A gente não tem nada a ver, as nossas opiniões são completamente divergentes, acho que não temos uma opinião que seja a mesma", disse Thammy sobre Bolsonaro à época, após não conseguir se eleger. O ator assumiu a coordenação de ala do partido chamada "PP-Diversidade".

Bolsonaro disse então, em entrevista ao jornal Extra, que gostava de Thammy porque ele conversava e não brigava. "Apesar de não nos alinharmos em algumas questões da causa LGBT, é uma pessoa aberta ao diálogo e isso que é importante. Na política temos que conviver com diferentes", afirmou.

No entanto, seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL), agora deputado federal, ironizou a filiação de Thammy ao PP em suas redes sociais. "Será que rola dele [Jair Bolsonaro] criar o PP-Hétero? Ou seria homofobia?".

Entre as pautas defendidas por Thammy quando candidato estavam cotas universitárias e profissionais e atendimento humanizado no SUS para transexuais. Disse também que lutaria pela inclusão de discussões de gênero nas escolas públicas municipais.

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