Doria começa obra de hospital em SP com atraso de cinco anos

Governador creditou demora ao 'imponderável da vida pública'

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São Paulo

Mais de cinco anos depois da previsão inicial, o Governo de São Paulo começa a construir a nova sede do hospital Pérola Byington na região da cracolândia, centro de SP.

Prometida em 2013 pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), a unidade, referência em saúde da mulher, deveria ter começado a ser construída em 2014 e concluída em 2017. Agora, a previsão é de que seja entregue em 2022.

O governador João Doria (PSDB) creditou o atraso ao “imponderável da vida pública”.

“As circunstâncias às vezes dificultam que o prazo que nós todos desejávamos pudesse ser cumprido na velocidade que nós tínhamos, mas, sem olhar o passado nem as circunstâncias, vamos olhar o presente e o futuro”, afirmou.

“[O atraso se deu por] Uma série de circunstâncias, Promotoria pública, Tribunal de Justiça, ações populares. Esse é o fator imponderável da vida pública no Brasil, medidas que foram adotadas, ações, tudo isso cria dificuldades. Isso é o imponderável da vida pública. É chato, mas faz parte do processo democrático.” 

O quarteirão onde o hospital será construído é uma Zeis (Zona Especial de Interesse Social), classificação da legislação municipal para regiões em que se deve priorizar a construção de moradias para pessoas mais pobres. 

Na quadra do hospital havia ocupações, pensões e comércios, cujas desapropriações e demolições, em abril de 2018, geraram protestos

Quando o Governo de São Paulo anunciou a construção do hospital, os imóveis da quadra foram declarados de utilidade pública, e os proprietários receberam indenizações pelas desapropriações. Quem vivia de aluguel foi cadastrado para receber auxílio-aluguel de R$ 400 por mês, com a garantia de que o benefício só se encerraria quando as famílias receberem uma moradia definitiva do estado.

Mesmo com a quadra demolida, o governo demorou mais de um ano para começar a obra. O Ministério Público questionou as desapropriações e a forma como o processo foi conduzido —afirmou que o poder público não deu assistência às famílias desabrigadas, o que o governo nega.

Só em julho deste ano o governo conseguiu o alvará para começar a obra.

A obra do hospital tem formato de PPP (parceria público-privada) e é tocada pela Inova Saúde, da Construcap (empreiteira arrolada na Lava Jato). A Inova Saúde fará a gestão do hospital por 20 anos. Outros dois hospitais também faziam parte da PPP, um em Sorocaba e outro em São José dos Campos, no interior do estado, e já foram entregues. 

A obra custará R$ 307 milhões (R$ 184 milhões financiados pelo Governo Federal e R$ 123 milhões pela Inova Saúde).

Além de construir, a empresa será responsável pela compra de equipamentos, manutenção e atualização tecnológica (ou seja, modernizar as instalações de acordo com a evolução do mercado da saúde).  A nova sede do hospital terá capacidade para 162 leitos (o atual tem 135) e dez salas de cirurgia.

Embora a previsão em contrato seja de 36 meses para a conclusão das obras, o governador afirmou que já em 24 meses o hospital deve começar a funcionar gradualmente.

Segundo o Governo de SP, a atual sede do Perola Byington, na Bela Vista (região central de SP) é alugada, a R$ 380 mil por mês.

A região da cracolândia, onde centenas de dependentes químicos compram e usam droga a céu aberto, está no foco do poder público e passa por intensas transformações, com construção de habitações populares, reforma de praças e a construção deste hospital, entre outras mudanças.

Doria prometeu concluir em seis meses a reforma do Museu da Língua Portuguesa, que pegou fogo em 2015 e está fechado desde então.

Além disso, o governador prometeu até o começo do ano que vem entregar a primeira etapa da parceria público-privada da Habitação, que construiu cinco prédios em frente à Estação Júlio Prestes. Falta concluir a nova sede da Escola de Música Tom Jobim, que ficará na região, e uma galeria de lojas que ficará na base dos novos prédios —hoje, cercados por um muro de concreto.

Conforme a Folha antecipou, governo e prefeitura têm tentado convencer dependentes químicos a procurar tratamento em uma nova tenda na esquina da rua Porto Seguro com a avenida Cruzeiro do Sul

"Faz parte do projeto Redenção [de atendimento a usuários de crack] esse deslocamento gradual e convencimento, também para que o atendimento do Caps [Centros de Atenção Psicossocial] seja feito", afirmou o governador.

"A gente não manda as pessoas para lá ou para cá. A gente orienta. Não há nenhuma obrigatoriedade, ordem de expulsão ou qualquer tipo de carregamento feito pela prefeitura", disse o prefeito Bruno Covas (PSDB).

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